Operação da PF aponta que fazenda de R$ 40 milhões foi registrada por R$ 20 mil

  • Por Estadão Conteúdo
  • 28/11/2016 16h58
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Rio de Janeiro - A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram nesta manhã os trabalhos da 30ª fase da Operação Lava Jato, a operação Vício. Na foto carros da Polícia Federal chegam com malotes e computadores na sede da polícia, região portuária do Rio (Tânia Rêgo/Agência Brasil) Tânia Rêgo/Agência Brasil Polícia Federal - AGBR

A investigação da Operação Reis do Gado identificou que uma das fazendas da família do governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), avaliada em R$ 40 milhões, foi registrada por R$ 20 mil. O peemedebista foi alvo de mandado de condução coercitiva nesta segunda-feira (28).

O delegado regional de combate ao crime organizado, Cleyber Malta, da Polícia Federal, afirmou que R$ 200 milhões em patrimônio financeiro e de bens da família do governador do Tocantins esteve em nome de terceiros, entre 2005 e 2012. Segundo o delegado, ao final deste período, parte dos valores teria voltado para a família, “saindo do nome dos laranjas”.

“Para se ter uma ideia em relação à lavagem, uma das fazendas foi registrada por R$ 20 mil quando na verdade, na época, estima-se que ela já valia R$ 40 milhões”, relatou o delegado.

A família de Marcelo Miranda chegou a ter 30 mil cabeças de gado, segundo a investigação da Reis do Gado. O delegado afirma que o gado era usado para gerar lucro ou prejuízo ao esquema.

Cleyber Malta relata que se em alguns momentos fosse necessário ter prejuízo, então, o gado não dava cria durante um ano inteiro Em outras oportunidades, se o esquema precisasse de lucro, o rebanho aumentava de maneira desproporcional.

“O gado entra como uma forma de lastro financeiro para subsidiar essa lavagem, então, você tem situações em que vai examinar a movimentação de dados e as vacas teriam que ter cria duas vezes ao ano para atingir aquela quantidade”, destacou. “Os empresários colocavam um prejuízo ou um lucro máximo de 1%”.

Além das fazendas, a Reis do Gado identificou “diversas aeronaves em uso e da própria família” e salas comerciais.

Os valores lavados, segundo a operação, tinham origem na corrupção.

“Havia sempre uma tentativa de composição dessas empresas com os governadores para que permanecessem fazendo obras porém pagando propina para a manutenção desses contratos. Essa propina era paga tanto para recebimento das obras como em forma de doação de campanha. Várias doações dessas empresas, tanto as contabilizadas quanto as conhecidas como caixa 2 de campanha sem registro, eram feitas nas duas eleições dos governadores”, afirma o delegado.

Defesa

Sobre a operação da Polícia Federal, a Secretaria de Estado da Comunicação adianta que:

– O governador Marcelo Miranda se apresentou espontaneamente à Justiça Federal para prestar esclarecimentos a respeito das investigações;

– O governador facilitou o livre acesso às dependências da sua residência e do Palácio Araguaia, a fim de contribuir com a ação;

– Até o momento, tanto a Procuradoria Geral do Estado, quanto o Escritório de Advocacia, que representa Marcelo Miranda, não tiveram acesso à decisão da Justiça.

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