Palácio tenta ‘trégua’ com ala bivarista

Uma nova lista deve começar a circular entre os deputados do PSL nos próximos dias para que haja a destituição do Delegado Waldir (GO) da liderança do partido

  • Por Jovem Pan
  • 19/10/2019 13h51 - Atualizado em 19/10/2019 13h58
Flickr/Palácio do Planalto Jair Bolsonaro O presidente Jair Bolsonaro

Um dia após o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), dizer que iria “implodir o presidente”, emissários de Jair Bolsonaro procuraram o deputado para propor uma saída negociada para aplacar a crise que se instalou no partido.

A proposta prévia era que Waldir – ligado ao presidente do PSL, Luciano Bivar – renunciasse à liderança e, em contrapartida, aliados de Bolsonaro também desistiriam de indicar o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a vaga. Pela oferta, o novo líder teria mandato-tampão até dezembro.

A negociação, porém, não deu certo. Desconfiados, os dois grupos do partido protagonizaram mais um dia de confronto.

Tudo piorou depois da convenção extraordinária do PSL, que nesta sexta (18) decidiu expulsar cinco deputados do grupo bolsonarista. Além disso, em entrevista, Waldir não só repetiu o xingamento a Bolsonaro como elevou o tom ao dizer que o presidente estava “comprando” a vaga de Eduardo na liderança, oferecendo cargos e fundo partidário.

“Eu não menti. Ele me traiu. Então, é vagabundo”, afirmou o deputado, reiterando os ataques ao presidente.

Após a entrevista, Bolsonaro disse a aliados que não havia qualquer possibilidade de acordo. O governo está por trás da estratégia pela qual deputados do PSL vão assinar uma nova lista a ser apresentada à Câmara, nos próximos dias, pedindo novamente a destituição de Waldir da liderança do partido.

Articulação

Embora a crise do PSL ponha em xeque a articulação política do Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, disse que o racha no partido não deve afetar o segundo turno da reforma da Previdência no Senado, marcada para o próximo dia 22, nem outras votações.

Ramos também minimizou possíveis impactos para o governo em votações na Câmara, onde a bancada do PSL tem 53 deputados e está rachada.

“Precisamos serenar a situação”, admitiu o ministro. “Mas eu não creio que parlamentares eleitos com a bandeira do Bolsonaro votem contra ele por uma questão interna do partido”, emendou.

O chefe da Secretaria de Governo reagiu, ainda, às críticas de que o Executivo não tem articulação com o Congresso. “Articulação é controlar o PSL? Claro que não”, comentou ele.

A aposta do Planalto é que, mesmo com todos os percalços, será possível “realinhar” o PSL em torno de Bolsonaro. Na tentativa de buscar uma solução para a crise, o presidente está conversando com vários dirigentes de partidos. Ontem, por exemplo, ele se reuniu com o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Bolsonaro tem sido aconselhado a permanecer no PSL e a enfrentar Bivar, embora, com a mudança de estatuto do partido, a ala bolsonarista tenha ficado bastante enfraquecida na direção da sigla.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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