Paralisação em SP usa nome dos caminhoneiros para interesses políticos, diz presidente da ANTB

Segundo José Roberto Stringasci, protesto prejudica o avanço das pautas defendidas pela categoria

  • Por Caroline Hardt
  • 05/03/2021 09h58 - Atualizado em 05/03/2021 14h37
BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO caminhoneiros As manifestações contra o retorno da Fase Vermelha no Estado de São Paulo acontecem em diferentes pontos da capital paulista

Os protestos dos caminhoneiros que acontecem nesta sexta-feira, 5, em diferentes pontos da capital paulista não representam uma defesa da categoria. A avaliação é do presidente da Associação Nacional do Transporte Autônomo do Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci. As manifestações pedem a saída do governador do Estado de São Paulo, João Doria, após anúncio do retorno da Fase Vermelha do Plano São Paulo, a mais restritiva. No entanto, segundo Stringasci, essa não é uma pauta dos caminhoneiros, que, na avaliação dele, “não se envolvem com política” e não pedem a saída de prefeitos, governadores ou do presidente. “O caminhoneiro não se envolve com política, como a maioria dos brasileiros. Por não se envolver, não conhecer, muitos que têm um pouco de conhecimento tentam usar a categoria como massa de manobra. É o que está acontecendo hoje em São Paulo principalmente. Algumas lideranças que estão no movimento, a gente que tem interesses políticos”, disse em entrevista à Jovem Pan.

Para José Roberto Stringasci, além de se aproveitar da categoria de autônomos, o protesto desta sexta-feira também prejudica o avanço das reivindicações, como o fim do PPI, mudanças na política de preços dos combustíveis, piso do frete e uma reforma tributária. “Os interesses da categoria são vários, porque a categoria é muito dividida, brasileiro pensa diferente um do outro. Mas as pautas da categoria, as reivindicações da categoria não estão pedindo fora Doria, não estão pedindo para derrubar governadores, derrubar presidente, a pauta é redução dos combustíveis, fim do PPI, piso mínimo do frete. É uma pauta aberta desde 2018, e agora no dia 1 do mês passado chamamos uma paralisação. A paralisação de agora é 99,9% mais política do que dos caminhoneiros.”

Segundo o presidente da categoria autônoma, independente do retorno das medidas mais restritivas no Estado de São Paulo, os caminhoneiros vão continuar trabalhando normalmente nos próximos dias. No entanto, paralisações nacionais para defender as verdadeiras pautas da classe de trabalhadores não estão descartadas. “Vamos até o último para não parar. Tentamos de todas as maneiras conversar, negociar, chega no movimento de paralisação quando não tem mais jeito. O Brasil todo depende do transporte, nós iremos continuar trabalhando, iremos continuar trabalhando se realmente as reivindicações nossas forem atendidas. Está chegando em um momento, principalmente na questão do combustível, que a categoria não está suportando mais e vai parar”, afirmou. De acordo com José Roberto Stringasci, uma greve nacional pode acontecer em breve, quando os “caminhoneiros do grão” se unirem com os trabalhadores de carga geral. “Os caminhoneiros que puxam o grão não estão querendo parar no momento, eles só vão querer parar quando sair o volume de transportes do grão. Aí sim existe uma grande possibilidade de se parar o Brasil geral pela luta da categoria, dos nossos problemas.”

As manifestações contra o retorno da Fase Vermelha no Estado de São Paulo acontecem em diferentes pontos da capital paulista nesta sexta-feira, 5. Os participantes carregam faixas com frases como “Fora Doria”. O protesto reflete em pontos de congestionamento, principalmente na Marginal Tietê sentido Rodovia Aryton Senna, que apresenta 10km de lentidão e na Rodovia Castello Branco.

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