Parlamentares criticam Onyx após troca de articulador do PSL por deputado do DEM

  • Por Jovem Pan
  • 11/06/2019 08h36 - Atualizado em 11/06/2019 08h40
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Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo Congressistas da base dizem que demissão foi "injusta" e terá consequências negativas para o Palácio do Planalto

Parlamentares do PSL e criticam o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, pela demissão do ex-deputado Carlos Manato do comando da Secretaria Especial para a Câmara. Os congressistas ficaram insatisfeitos com a troca do articulador pelo também ex-deputado Abelardo Lupion, do DEM.

Na avaliação de integrantes do partido de Bolsonaro, a dispensa do filiado do PSL, que ocorreu na sexta-feira passada, por telefone, foi “injusta” e terá consequências negativas para o Palácio do Planalto.

“Se a articulação política do governo Bolsonaro está ruim, quem tem de ser demitido é o ministro, e não os assessores”, afirmou o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO). “Esperamos que o presidente (Bolsonaro) tome um lado nessa situação porque, se ele não se manifestar, nós vamos tomar providências, que serão duras”, emendou o deputado, sem adiantar a estratégia planejada

O líder do PSL afirmou, ainda, que Onyx estava “olhando para o próprio umbigo” quando trocou Manato por Lupion. Compadre do ministro, Lupion já atuava na Casa Civil desde janeiro, mas apenas como assessor especial. “Para mim, o ministro agiu com covardia, humilhando e abandonando soldados de primeira hora”, criticou Delegado Waldir, ao lembrar que Manato só entrou no PSL – e foi candidato ao governo do Espírito Santo, em 2018 – a pedido de Bolsonaro.

Presidente estadual do PSL, Manato não quis esticar a polêmica e tentou amenizar a crise. Afirmou que já havia combinado com Onyx sua saída por estar “sobrecarregado” e observou não ter intenção de criar estresse para o Planalto. “Eu já estava com prazo de validade vencido”, disse ele. “Não tenho raiva de ninguém.”

Encarregado de ajudar o governo a formar uma base aliada no Congresso – e a angariar apoio para a aprovação da reforma da Previdência -, o ex-deputado despachava no mínimo duas vezes por semana no gabinete da liderança do PSL. Foi para lá porque o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se recusou a ceder uma sala à Casa Civil.

Em março, com a ajuda da Controladoria Geral da União (CGU), o governo chegou a criar uma plataforma, batizada no Planalto de “banco de talentos”, na qual parlamentares podiam fazer indicações para vagas do segundo escalão. A última palavra, no entanto, sempre foi dos ministros. Nos bastidores, deputados afirmam que Manato caiu por se desentender com Onyx a respeito de nomeações do PSL, que estavam emperradas. Até hoje o governo não tem uma base de sustentação no Congresso.

“O problema não é de cargos. O que não aceitamos é a falta de lealdade do ministro, que, na primeira substituição, tira o PSL para colocar alguém do DEM”, reclamou Delegado Waldir.

Onyx também dispensou, em fevereiro, o ex-deputado Leonardo Quintão (MDB-MG), então responsável pela Subchefia de Assuntos Parlamentares da Casa Civil. Antes, Quintão já havia sido chamado para ajudar na articulação política com o Senado, mas trombou com Renan Calheiros (MDB-AL). Procurado, Onyx não quis se manifestar sobre o anúncio das trocas.

Estadão Conteúdo

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