Pedido de impeachment de Temer será protocolado esta semana, diz OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil deve protocolar nesta semana na Câmara dos Deputados o pedido de processo de impeachment do presidente Michel Temer. O presidente do colegiado, Cláudio Lamachia, disse não estar definido ainda se isso será feito na quarta ou quinta-feira. A acusação será de prevaricação, o que caracterizaria o crime de responsabilidade.
O pedido de abertura de processo de impeachment do presidente, decidido em uma reunião extraordinária realizada no fim de semana, tem como argumento a gravação de uma conversa entre o executivo Joesley Batista, da JBS, e Temer, no Palácio do Jaburu, no dia 7 de março.
Conselheiros do colegiado consideraram que o presidente errou ao não comunicar a autoridades a ocorrência de crimes praticados por Joesley. Para a entidade, Temer também teria faltado com o decoro ao se encontrar de forma secreta com o empresário e por prometer agir em favor de interesses particulares.
Joesley entregou o áudio à Procuradoria-Geral da República em acordo de delação premiada. Temer diz que a gravação foi fraudada, mas não nega o encontro com Joesley, a quem classifica de “fanfarrão”, “delinquente”.
“Se o presidente da República sabia que estava diante de um interlocutor que é um fanfarrão e um delinquente ele não deveria ter recebido (Joesley)”, disse Lamachia, em entrevista coletiva na sede da OAB em Brasília.
Lamachia seguiu. “Primeiro, o presidente não deveria nem ter recebido (Joesley). Se eu sei que alguém é um deliquente eu não recebo aqui na OAB, não vou receber alguém que, sabidamente para mim, é um deliquente e um fanfarrão numa audiência na Ordem, quiçá na minha casa, na minha residência, na garagem, no porão, seja onde for”.
Escárnio
Durante a entrevista, Lamachia criticou o destino dos empresários Joesley e Wesley Batista. Ele classificou a situação atual como deboche. “É um verdadeiro escárnio. Os dois empresários foram punidos ou receberam um prêmio? Eles continuam com uma vida invejável e o povo brasileiro não tem saúde, educação. Vivemos uma crise política e moral”.
O presidente da OAB afirmou estar “incomodado” com essa situação e que há possibilidade de a OAB questionar essa situação. “Como há advogados de todos os lados, temos de fazer isso com cuidado. Mas o fato é que a situação é gravíssima. Um deboche para sociedade”.
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