Pesquisadores identificam coinfecção de pacientes por duas linhagens diferentes do coronavírus no RS

A infecção simultânea por vírus com genomas distintos foi detectada em dois pacientes; ambos se recuperaram sem a necessidade de hospitalização

  • Por Jovem Pan
  • 27/01/2021 12h12 - Atualizado em 27/01/2021 12h15
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ITAWI ALBUQUERQUE/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Brasil é um dos pais mais afetados pela pandemia do novo coronavírus Estudo identificou cinco linhagens diferentes e dois casos de coinfecção

Um estudo realizado pela Universidade Feevale, de Novo Hamburgo-RS, em parceria com o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), de Petrópolis-RJ, identificou a possibilidade de um mesmo paciente ser infectado por duas variantes do coronavírus ao mesmo tempo. Para a pesquisa, foram selecionadas 92 amostras de pacientes com faixa etária de 14 a 80 anos de idade, sendo 50% homens e 50% mulheres, de 40 municípios do Rio Grande do Sul. Pesquisadores do Laboratório de Bioinformática (Labinfo) do LNCC realizaram o sequenciamento genético das amostras e caracterizaram cinco linhagens diferentes que estão circulando no estado, sendo uma nova, a princípio denominada VUI-NP13L, e dois casos de coinfecção.

Os estudos estão concentrando a análise na Região Metropolitana de Porto Alegre, que concentra o maior número de casos, para entender melhor a dinâmica, a estrutura populacional e as cadeias de transmissão locais do vírus. “Os pesquisadores também estão conduzindo experimentos in vitro na nova linhagem encontrada no Estado, incluindo isolamento viral e investigação sobre neutralização ou não por anticorpos presentes no soro de pacientes infectados e recuperados”, informa notada Feevale.

Com a pesquisa, foi possível confirmar que a disseminação generalizada da variante E484K na proteína Spike. “Isso é preocupante, pois sabe-se que essa mutação pode estar associada a um escape de anticorpos formados contra outras linhagens do vírus. É mais uma evidência que essas novas linhagens podem causar problemas mesmo em pessoas que já tenham uma imunidade prévia contra o Sars-Cov-2”, afirma Fernando Spilki, professor da universidade. Sobre a coinfecção, que é uma infecção simultânea por vírus com genomas distintos em um mesmo indivíduo, o estudo encontrou dois casos ocorridos em novembro. Sendo a Feevale, a coinfecção com a variante E484K não havia sido descrita até o momento. “A preocupação é porque a mistura de genomas de diferentes vírus coinfectando o mesmo indivíduo, a chamada recombinação, é um dos fenômenos que está na base da evolução de coronavírus”, explica a Feevale. Apesar da preocupação com os casos, a instituição relata que os dois pacientes contraíram uma forma leve a moderada da Covid-19 e se recuperaram sem a necessidade de hospitalização.

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