Polícia investiga mortes de homens gays asfixiados no PR; ONG acredita que casos podem estar ligados

Caso ganhou destaque nas redes sociais na noite deste sábado, 8; vítimas teriam marcado encontros em aplicativos de paquera

  • Por Lorena Barros
  • 09/05/2021 16h36
Robson Paim/Facebook-Justiça para David Lavisio/Instagram-Marcos Vinício/Facebook Montagem com fotos de três homens Robson Paim, David Lavisio e Marcos Vinício Bozzana: vítimas foram assassinadas entre o fim de abril e o começo de maio

A Polícia Civil do Paraná confirmou à Jovem Pan neste domingo, 9, que investiga mortes suspeitas de dois homens encontrados com sinais de sufocamento nos apartamentos em que moravam na cidade de Curitiba no último mês. A história dos assassinatos, que já estavam sendo investigados, viralizou nas redes sociais após uma publicação ligando os óbitos à ação de um possível serial killer que mata jovens homossexuais após marcar encontros por aplicativos de internet. O perfil, chamado “Garoto do Blog”, com pouco mais de 250 mil seguidores, divulgou as histórias e passou a servir como um grupo de apoio para amigos das vítimas trocarem informações e alertar a outros homens gays sobre os cuidados ao marcar encontros com pessoas desconhecidas. A orientação sexual das vítimas foi confirmada por organizações não governamentais de direitos humanos.

Ainda antes da repercussão das mortes na internet, o setor jurídico da ONG de apoio aos direitos LGBTI+ Grupo Dignidade afirmou que acompanha os casos e já conversou com o delegado responsável pelas investigações. “As circunstâncias dos crimes indicam que aconteceram por meio de aplicativo de relacionamento (Grinder, Tinder), com posteriores encontros na própria casa das vítimas, razão pela qual existe a suspeita de que seja o mesmo criminoso”, afirmou trecho da nota emitida pela ONG. Na noite deste sábado, um grupo se reuniu na frente da Universidade de Direito do Paraná para fazer uma vigília em homenagem às vítimas. “Não são apenas números, são vidas, famílias, futuros destruídos pelo preconceito, pela homofobia”, afirmou, também pelas redes sociais, o grupo.

A primeira vítima na capital paranaense, o enfermeiro David Lavisio, de 28 anos, era natural de Londrina, morava em Curitiba há poucos meses e foi encontrada com sinais de tortura e sufocamento no próprio apartamento, no dia 30 de abril, após passar três dias desaparecida. A segunda vítima, encontrada morta no dia 5, era o estudante de medicina Marcos Vinício Bozzana, de 25 anos, natural da cidade de Campo Grande. Ele também foi encontrado com sinais de sufocamento e tinha o rosto coberto com uma manta. Os perfis de redes sociais que acompanham as investigações suspeitam que os dois casos estão ligados à morte do professor universitário Robson Paim, de 36 anos, registrada no dia 16 de abril na cidade de Abelardo Luz (SC), a mais de 400 quilômetros de distância da capital paranaense. O caso foi investigado como latrocínio: Paim, achado morto em um dos quartos da casa na qual morava, teve o carro roubado pelo autor do crime. O veículo foi encontrado na cidade de Almirante Tamandaré, a 15 quilômetros de Curitiba, dias depois. A Polícia Civil foi questionada sobre o caso, confirmou que investiga as duas mortes ocorridas no Paraná, mas não disse se suspeita que o mesmo autor tenha cometido os crimes. “Mais detalhes não serão repassados para não atrapalhar o andamento das diligências”, afirmou, em nota, a corporação.

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