Marcelo Odebrecht delata repasse em dinheiro vivo a Lula, diz revista

  • Por Jovem Pan
  • 11/11/2016 10h37
Montagem/Reuters e EFE Marcelo Odebrecht e Lula

A revista Istoé antecipa em sua edição deste fim de semana trecho da delação de Marcelo Odebrecht à Lava Jato. Segundo a revista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria recebido dinheiro vivo de propina, de acordo com o empreiteiro.

O montante entregue em espécie não foi divulgado, mas faria parte dos R$ 8 milhões reservados pelo setor de Operações Estruturadas (o “departamento da propina” da Odebrecht) ao ex-mandatário. O maior fluxo de repasses teria ocorrido entre 2012 e 2013, quando o petista já havia deixado o Planalto.

A Lava Jato suspeita que o esquema de lavagem intermediado por Rodrigo Duran, um dos alvos da Operação Dragão deflagrada na última quinta (10), tenha sido usado para repassar dinheiro a Lula, ainda segundo a publicação.

Odebrecht também teria deixado claro em seu depoimento que Lula aprovava pessoalmente financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a projetos de interesse da empresa, como em Angola e Cuba.

Segundo a revista, também depuseram contra Lula: o ex-presidente da companhia Emílio Odebrecht, o ex-executivo Alexandrino Alencar e o diretor de Maérica Latina e Angola da companhia, Luiz Antonio Mameri.

Alexandrino teria informado que a Odebrecht participou da reforma do sítio em Atibaia frequentado pela família do ex-presidente. Já Emílio teria confirmado a participação no esquema da Arena Corinthians, que teria sido uma espécie de “presente” a Lula.

Dilma e o caixa dois

A ex-presidente Dilma Rousseff também é citada por Marcelo Odebrecht e é abontada como beneficiada direta de dinheiro de caixa dois.

Dilma teria se reunido em 2014, ano da reeleição da petista, em três oportunidades com Marcelo no Palácio do Planalto. Os encontros entre o empreiteiro e a então presidente da República ocorreram sem registro oficial. Odebrecht afirma que Rousseff negociou pessoalmente o valor do caixa dois, afirma a revista.

Marcelo também teria pedido pessoalmente a Dilma a intervenção para o BNDES liberar repasses para a construção do porto de Mariel, em Cuba. A petista teria se comprometido em resolver a questão em 24h.

A ex-presidente teria sido citada ao menos 18 vezes como intermediária direta do dinheiro oculto para a campanha, em depoimentos de vários diretores da companhia, diz também a Istoé.

A delação

Com o acordo, a pena de Marcelo Odebrecht, já condenado a 19 anos de prisão e alvo de outros inquéritos, deve ser reduzida a 10 anos de reclusão. Cumpridos um ano e meio de cadeia, Marcelo deverá ficar detido até o final de 2017, quando passarão a contar mais dois anos e meio de prisão domiciliar e, depois, mais cinco anos em regime semi-aberto, quando ele poderá sair para trabalhar de dia.

A revista informa ainda que o acordo de delação da empreiteira Odebrecht citará, além de Lula e Dilma, membros do governo Michel Temer, mais de 100 parlamentares e 20 governadores e ex-governadores.

Prestam depoimentos 50 delatores da companhia e 32 colaboradores (estes, não implicados nos crimes assumidos, mas testemunhas). A delação terá 300 anexos envolvendo agentes públicos de diversos partidos.

Com a homologação do acordo de leniência, que deverá ser feita pelo ministro do STF Teori Zavascki, a Odebrecht deverá devolver em multa R$ 6 bilhões desviados aos cofres públicos e poderá voltar a assinar contratos com o governo.

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