Presidente da CPMI da JBS pede que PGR faça novo pedido de prisão de Miller
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), entregou uma representação à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, nesta terça-feira, 5, na qual pede que o órgão faça um novo pedido de prisão contra o ex-procurador Marcello Miller.
No documento, Ataídes afirma que a CPMI conseguiu estabelecer uma cronologia dos fatos que evidenciam, “com uma clareza solar, a participação efetiva e criminosa” de Miller na colaboração premiada dos irmãos Batista, donos da JBS. O acordo está suspenso porque os delatores teriam omitido informações das autoridades mesmo após o acordo firmado com a PGR.
“São diversos telefonemas, e-mails e mensagens eletrônicas contendo direcionamentos, sugestões de encaminhamento, dicas de como se portar e até mesmo um roteiro de negociação, no sentido de extrair os maiores benefícios para o grupo criminoso comandado pelos irmãos Batista”, afirmou o senador na representação.
“Diante da robustez dos novos dados e documentos obtidos por esta CPMI, entendemos que há fatos novos que podem embasar um novo pedido de prisão ao Supremo Tribunal Federal”, complementou
Para a CPMI, Marcello Miller fez uso de suas “elevadas atribuições, seu prestígio, bom relacionamento e conhecimento institucional para municiar de informações uma comprovada organização criminosa, da qual fazia parte quando ocupava o prestigioso cargo de Procurador da República”.
O senador Ataídes Oliveira argumentou no texto também que, em depoimento à CPMI, Marcello Miller reconheceu que teve atitude imprópria e que fez uma série de “lambanças”. Na ocasião, Miller admitiu aos parlamentares um “erro brutal”, mas negou que tivesse cometido crime. “Fiz uma avaliação e não cometi crime, espero mesmo que apurem os fatos, mas eu cometi um erro brutal de avaliação. Eu fiz uma lambança”, disse.
Miller é suspeito de fazer “jogo duplo” e orientar a JBS no acordo de delação premiada, quando ainda era do Ministério Público Federal. Ele deixou o cargo de procurador no MPF no dia de 5 de abril e foi trabalhar na empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha a J&F como cliente.
Ao final do requerimento, o presidente da CPMI diz ainda que o colegiado obteve “novas informações e conclusões” a respeito da participação do ex-procurador Ângelo Vilella no caso e pede que a PGR também solicite sua prisão. O requerimento justifica que “crimes relacionados à sua atividade corroboram e fundamentam um novo pedido de prisão para o referido membro do Ministério Público Federal”.
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