Professor de ética vê a política brasileira na pior crise de sua história

  • Por Jovem Pan
  • 15/03/2015 17h12
Rodrigo Ramon Produtos encalhados da Copa são coqueluche da manifestação

As manifestações estão mandando um recado à classe política e a força do marketing político está chegando ao fim. Esta é a análise de Roberto Romano da Silva, professor de ética da Unicamp, sobre os eventos deste domingo (15) em todo o Brasil, especialmente em São Paulo. Ele concedeu entrevista exclusiva à rádio Jovem Pan.

“Eu acho que é um aviso dos últimos à classe política brasileira que se separou da população e que ainda tenta o marketing mentiroso. A presidente Dilma tentou uma jogada no Dia da Mulher e não deu certo. É preciso que a classe política tenha a clareza, lucidez, fazer autocrítica e voltar ao dialogo com quem paga imposto que é o povo brasileiro”, analisa o professor.

Para Romano, o PT está em processo de encolhimento, com a colaboração de Dilma Rousseff. “Não vejo o fim do partido, mas seu encolhimento é evidente. Ele se separou da população, foi para os palácios, dividiu o país entre ‘nós e eles’, semeou o ódio e perdeu a capacidade de atrair gente nova”, disse, fazendo uma crítica a todos os partidos. “Se os partidos se abrissem à renovação, os jovens poderiam estar nesses partidos, mas eles estão carcomidos”.

Ainda segundo o professor, esta é a maior crise que já viu. “Confesso que, como observador do Brasil há mais de 50 anos, nunca vi uma crise tão grave como esta. Ela resulta de erros que vem de muito tempo. Passamos no século XX pela crise e Jânio, JK, golpe de 1964, desastroso governo Sarney, e os erros se repetem”, declarou Romano, que acredita que o perfil da presidente piora a situação.

“Hoje é mais grave devido a alguns elementos dentro dos partidos mais responsáveis. O perfil da presidente é autoritário, de comandante, não é de um político, e isso dificulta a tentativa de saída”, afirmou. Por fim, ele disse acreditar em melhoras a partir das manifestações. “Você tem um crescendo de resistência da população que não era prevista pelos donos dos palácios, da justiça, do parlamento e do executivo. Eles pouco a pouco começam a perceber que não têm a anuência do povo”.

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