Quase metade dos estudantes da rede estadual de São Paulo já sofreu violência na escola, diz pesquisa
De acordo com levantamento feito pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, 48% dos alunos já foram alvo de algum tipo de violência dentro das dependências escolares
Um estudo mostrou que 48% dos estudantes da rede estadual de São Paulo já sofreram algum tipo de violência dentro das dependências das escolas. A pesquisa foi realizada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) em parceria com o Instituto Locomotiva e ouviu 1.250 alunos. O estudo também entrevistou professores e familiares, que defenderam a necessidade de mais segurança na rede estadual. Questionados sobre a incidência dos casos de violência, 71% dos estudantes, 73% dos familiares e 43% dos professores disseram que já souberam de casos de violência nas escolas que frequentam. A maioria dos entrevistados – 69% dos estudantes, 75% dos familiares e 68% dos professores – também disseram considerar as médias de violência em escolas paulistas alta. A forma de violência mais citada pelos estudantes é o bullying, enquanto que os professores relatam a alta incidência de casos de agressão verbal. A maioria dos entrevistados – 95% dos estudantes e familiares e 91% dos professores, concordam que questões de saúde mental, como esgotamento e ansiedade, se tornaram os problemas mais relatados pelos alunos e pelos docentes. Entretanto, mesmo defendendo a necessidade de projetos para acompanhamento da saúde mental nas unidades de ensino, pouco mais da metade diz que as escolas têm iniciativas deste tipo.
Segundo a deputada estadual e presidente da APEOESP, Professora Bebel, o policiamento no entorno das unidades de ensino é insuficiente, faltam funcionários e não existem políticas de prevenção para combater a violência nas escolas. “O programa de mediação escolar, criado em 2009 pela secretaria da Educação a partir de proposta da APEOESP, em que professores trabalhavam na solução de conflitos e harmonização do ambiente escolar, foi praticamente abandonado. As consequências se fazem sentir no crescimento do número de casos”, diz a deputada. A presidente do Sindicato afirma ainda que a instalação de câmeras de segurança e de detectores de metais não vai surtir efeito sem os profissionais corretos para o manuseio, defendendo a implantação de medidas de prevenção, como a presença de psicólogos em todas as unidades de ensino. “. É necessário que existam nas escolas psicólogos capacitados a realizar um trabalho preventivo junto a esses jovens. É verdade que os professores têm sensibilidade para identificar potenciais agressores e até mesmo para dialogar com eles, dissuadindo-os, muitas vezes, de ações violentas. Porém, os professores são responsáveis por diversas classes com 35, 40 ou mais estudantes e não lhes cabe atuar nesse campo”, pondera Bebel.
O levantamento foi divulgado em meio à repercussão do ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro da Vila Sônia, na zona sul da cidade de São Paulo, que resultou na morte da professora Elisabete Tenreiro, 71. Na ocasião, um adolescente de 13 anos invadiu a instituição com uma faca e uma tesoura, atacando professores e colegas. Além da vítima fatal, outras quatro foram esfaqueadas e uma ficou em estado de choque, precisando ser levada para o hospital. O menor já havia se envolvido em uma briga na semana anterior ao atentado.
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