Refugiados afegãos no Aeroporto de Guarulhos enfrentam surto de sarna

Ao menos 20 pessoas que estão abrigadas no aeroporto foram diagnosticados com a doença; ONGs pedem liberação de acesso a banheiros com vestiários para garantir higiene dos infectados

  • Por Jovem Pan
  • 27/06/2023 09h38 - Atualizado em 27/06/2023 15h32
Paulo Pinto/Agência Brasil Refugiados Afegãos em Guarulhos Ao todo, mais de 200 refugiados afegãos estão abrigados nas instalações do Aeroporto de Guarulhos

As autoridades identificaram um surto de escabiose, doença conhecida como sarna, em refugiados afegãos que estão abrigados no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. O surto foi identificado na última quinta-feira, 22, pela Prefeitura de Guarulhos e confirmado por ONGs que estão auxiliando os refugiados. Segundo as ONGs, ao menos 20 dos mais de 200 refugiados foram diagnosticados com a doença. As organizações Coletivo Frente Afegã, Afghanistan Refugee Rescue Organization e Projeto Abarcar pedem às autoridades o uso dos banheiros para higienização dos refugiados. Em nota enviada à Jovem Pan, a GRU Airport, concessionária responsável pelo aeroporto, disse que o acolhimento dos afegãos é feito pela prefeitura de Guarulhos, mas afirmou que está auxiliando no processo de higienização e que o acesso aos banheiros é viabilizado de acordo com planejamento feito junto à gestão municipal. “A concessionária tem contribuído no suporte à realização de procedimentos de higiene pessoal e manutenção de limpeza constante do espaço. A higienização dos banheiros daquela área também foi intensificada. O vestiário, por se tratar de uma área operacional destinada a funcionários, é viabilizado dentro das condições e disponibilidade do aeroporto, de acordo com um planejamento alinhado com a Prefeitura de Guarulhos”, afirmou a concessionária.

Por sua vez, a Prefeitura de Guarulhos informou que está realizando ações de saúde no aeroporto semanalmente e que, após o diagnóstico, foram encaminhados medicamentos orais para distribuição entre 165 afegãos. “Como se trata de doença altamente transmissível, essa medida foi tomada pelos médicos de forma estratégica dada as condições de higiene insatisfatórias, uma vez que não há local para banho o que impossibilita uma higienização pessoal adequada”, diz a nota da gestão municipal, que afirma que as equipes de saúde seguem acompanhando o surto de sarna. Segundo a prefeitura, a cidade possui 177 vagas para acolhimento de imigrantes, sendo 127 geridas pela gestão municipal e outras 50 pelo Estado. No entanto, todas estão lotadas. “A Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social está em contato com os governos estadual e federal e também com instituições parceiras buscando vagas para acolhimento, mas no momento, não há previsão. Enquanto isso, todos os afegãos no aeroporto recebem três refeições diárias da Prefeitura, além de água e cobertores”, afirma o comunicado.

A sarna é uma doença contagiosa transmitida pelo contato direto entre pessoas ou através de objetos compartilhados. O principal sintoma da doença é uma coceira intensa que piora durante a noite, além de uma lesão de pele que se assemelha a um trajeto linear da cor da pele do infectado ou ligeiramente avermelhado. As medidas de higiene para conter o surto incluem banhos, higienização de bancos e áreas comuns do aeroporto e troca de roupas dos doentes, com as vestimentas sendo lavadas e passadas – temperaturas altas são capazes de matar os ovos do parasita que causa a doença.

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