Relatório de consultoria indicava que fator de segurança em barragem era adequado, segundo Vale

  • Por Jovem Pan
  • 12/02/2019 19h09 - Atualizado em 12/02/2019 19h10
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Alex de Jesus/Estadão Conteúdo Rompimento de barragem em Brumadinho deixou 165 mortos até o momento

A mineradora Vale contratou um “painel de especialistas” para apurar as causas do rompimento de barragem em Brumadinho (MG), afirmou em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (12) Lúcio Cavalli, gerente-executivo da empresa.

Após divulgação de documentos internos que indicam que cinco estruturas ofereceriam riscos, ele afirmou que ainda não é possível precisar em quanto tempo haverá definição sobre o assunto, mas que fazer “especulações neste momento é muito perigoso”.

Cavalli afirmou que os materiais anexados em ação civil pública pelo Ministério Público de Minas Gerais aborda “fatores probabilísticos” e não “determinantes” como as análises da consultoria alemã Tüv Süd, também incluídas no processos por promotores.

O sigilo dos relatórios foi derrubado nesta terça. De acordo com o executivo da mineradora, as informações da empresa alemã indicaram em setembro do ano passado que o fator de segurança das barragens era adequado. Dois dias antes do acidente, a consultoria esteve em campo e atestou que não havia instabilidade no local.

Em relação ao relatório de setembro de 2018, ele garantiu que oito das 17 recomendações já haviam sido concluídas e nove estavam em andamento. O executivo ainda frisou que a estrutura, além de não ter risco iminente, não teve aumento de nível de água.

Para ele, a avaliação de que a barragem estava em zona de atenção, conforme indicam tanto o relatório da Tüv Süd quanto a apresentação interna divulgada hoje pela justiça, significa que a empresa deveria dar sequência às ações que estavam sendo tomadas: dar continuidade à drenagem de água e à descaracterização (descomissionamento).

Workshop

Luciano Siani, diretor-executivo da Vale, também falou com a imprensa. Ele disse que só na segunda (11) tomou conhecimento de workshop técnico realizado na companhia em outubro passado para discutir a situação de barragens mineiras.

Uma apresentação produzida para esse evento se tornou pública nesta terça-feira (12) com a quebra do sigilo da Ação Civil Pública (ACP) movida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) contra a empresa mineradora.

Na entrevista, Siani contestou a avaliação contida no documento de que a situação de um conjunto crítico de barragens deveria ser reportada à alta direção da companhia. Segundo ele, existe “muita controvérsia” em relação a avaliação de passar informações para escalões superiores (e mesmo a alguns níveis técnicos) sobre tais riscos.

Para o diretor, essa transmissão de informações não acontece porque funcionários de níveis hierárquicos inferiores querem ter liberdade para executar medidas emergenciais necessárias. O workshop incluiu um painel de especialistas internacionais e, na avaliação desses especialistas, a política de alertas da Vale era adequada.

“Em 2017, especialistas sugeriram necessidade de reportar informações à alta administração, mas em 2018 reconheceram a dificuldade de atender essa exigência em grandes organizações”, disse, negando a avaliação contida na apresentação de que essa política de notificação estaria em vigor na mineradora.

Siani informou que a Vale continua colaborando com as investigações e contratou outro painel de especialistas internacionais para investigar as causas do rompimento da barragem. Para ele, a narrativa de que os níveis de água aumentaram e deveriam ter disparado o alerta não é sustentável.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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