Rotina de Cunha era dedicada à produção de livro
Em conversa com aliados, um dia antes de ser preso, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contou que já tinha escrito 120 páginas de seu livro, até agora intitulado “Impeachment”. “Eu vou explodir o Moreira”, disse ele, numa referência ao secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco.
Cunha não esconde sua revolta com o homem forte do governo de Michel Temer. Para o peemedebista, foi Moreira Franco quem comandou as articulações que resultaram na cassação de seu mandato e também na eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ), genro do secretário executivo do PPI, para o comando da Câmara.
Antes de ser preso, Cunha dizia que não faria delação premiada, mas contaria todos os bastidores do processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff num livro. Sempre deu a entender que suas revelações tinham potencial para derrubar o governo Temer.
O ex-presidente da Câmara montou uma equipe, que fica no Rio, para ajudá-lo com a obra. Nos últimos dias, Cunha disse que estava trabalhando “a pleno vapor”, fazendo gravações de quatro a cinco horas, quase que diariamente, para o livro. “Eu confiro as anotações da minha agenda com todos os registros de audiências que mantive na Câmara. Cruzo os dados, hora e local. Tenho tudo arquivado”, afirmou ele ao jornal O Estado de S. Paulo. Uma versão digital (e-book) foi negociada por Cunha com a Amazon.
Ex-aliado de Temer, Cunha avalia que o presidente foi “omisso” e mostra não ter medo de apontar o dedo para o Palácio do Planalto “Houve muita hipocrisia ali”, destacou.
A cassação do mandato de deputado mudou a rotina de Cunha. Além de perder regalias, ele passou a ser alvo mais frequente de protestos. O deputado cassado chegou a ser perseguido pela professora de História aposentada Tereza Batista, de 56 anos, que tentou agredi-lo ao desembarcar no Aeroporto Santos Dumont, no Rio, na noite de 12 de setembro.
No mesmo aeroporto, na segunda-feira (17), Cunha foi retido para uma revista detalhada. Embora usual, a revista foi fotografada por outros passageiros e repercutiu nas redes sociais. Também foi vaiado quando compareceu a uma escola da Barra da Tijuca para votar no primeiro turno da eleição municipal no Rio.
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