Sabesp assinou contrato mais caro com a Odebrecht

  • Por Estadão Conteúdo
  • 26/04/2017 09h14
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BRA51. SAO PAULO (BRASIL), 10/04/2017.- Fotografía de archivo del 22 de diciembre de 2016, de la sede de constructora Odebrecht en la ciudad de Sao Paulo (Brasil). El grupo Odebrecht, implicado en el escándalo de corrupción en Petrobras, causó daños por valor de 5.684 millones de reales (unos 1.810 millones de dólares) en 11 contratos inflados firmados con la estatal entre 2003 y 2014, según un informe de la Policía Federal obtenido hoy, lunes 10 de abril de 2017, por varios medios locales. EFE / SEBASTIÃO MOREIRA / ARCHIVO EFE / SEBASTIÃO MOREIRA Fachada da sede da Odebrecht em São Paulo - EFE

Envolvida nas delações da Lava Jato, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) desclassificou um consórcio que tinha oferecido o menor preço para executar obras de esgoto na Praia Grande, cidade do litoral sul paulista, para assinar um contrato R$ 22,7 milhões mais caro com a Odebrecht, em 2014.

O edital da obra, que previa a construção de um emissário submarino, foi publicado em 1.º de março de 2014 pelo então diretor da estatal João Paulo Papa, hoje deputado federal pelo PSDB. O contrato, no valor de R$ 339,9 milhões, foi assinado em junho, mas acabou sendo suspenso pela Justiça a partir de uma liminar obtida pelo consórcio desclassificado. A obra nunca foi feita.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou nesta terça-feira (25), que planilha entregue à Lava Jato pelo executivo da Odebrecht Benedicto Júnior vincula a obra “Emissário Praia Grande” a pagamentos de R$ 1,5 milhão de caixa 2 para a campanha do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014 e de R$ 300 mil para o deputado Papa, que deixou a Sabesp após lançar o edital, em março daquele ano. 

A Odebrecht já havia construído outro emissário na Praia Grande, em 2010, por R$ 280 milhões. Na nova licitação, a Sabesp desclassificou o consórcio CMR4/Augusto Velloso alegando falta de capacitação técnica. As empresas afirmaram que o edital foi direcionado para a empreiteira. A Sabesp recorreu duas vezes à Justiça para validar o contrato mais caro, mas ele segue suspenso por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de dezembro de 2016.

Em nota, Papa nega ter recebido doação de caixa 2 em 2014 e afirma que o edital da obra foi feito “de acordo com a lei” e que já não estava mais na Sabesp quando a licitação foi concluída. A Sabesp reiterou que as obras relativas ao Emissário de Santos foram realizadas quando Papa não tinha mais vínculo com a companhia e, quanto ao Emissário de Praia Grande, disse que “até o presente momento não houve qualquer pagamento relacionado a este contrato”.

Alckmin

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta terça-feira que não tem procedência a vinculação de uma obra da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a supostos pagamentos ilícitos para as campanhas eleitorais em 2014 do PSDB, conforme delatou o ex-presidente da Odebrecht Benedicto Júnior. Segundo Alckmin, a obra citada foi licitada em 2006, teve o contrato assinado em 2007 e se encerrou em 2010. 

“Essa informação não tem nenhuma procedência. O contrato acabou faz sete anos.” O governador afirmou que “é preciso ter cuidado” com uma delação e que a denúncia sobre a Sabesp pode não ter relação entre o contrato e doações eleitorais.

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