Santos Cruz critica fala de Bolsonaro sobre ‘país de maricas’: ‘Cansado de show’

Demitido pelo presidente em junho de 2019, o general afirmou que o Brasil ‘precisa de seriedade, e não de espetáculo, embuste, fanfarronice e desrespeito’

  • Por Jovem Pan
  • 12/11/2020 22h21 - Atualizado em 12/11/2020 22h25
Carolina Antunes/PR general Carlos Alberto dos Santos Cruz Ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz

Demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em junho de 2019, o ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, criticou a declaração feita por Bolsonaro que o Brasil seria “um país de maricas”. Nas redes sociais, escreveu que está “cansado de show”. “O Brasil não é um país de maricas. É tolerante demais com a desigualdade social, corrupção, privilégios. Votou contra extremismos e corrupção. Votou por equilíbrio e união. Precisa de seriedade e não de show, espetáculo, embuste, fanfarronice e desrespeito”, afirmou o general. Nesta quarta-feira, 11, Santos Cruz também alfinetou a frase de Bolsonaro de que teria “ganhado novamente”, após os testes da vacina da CoronaVac terem sido interrompidos. “GANHOU DE QUEM? Vacina, qq que seja, é saúde pública. É para a população. Não é assunto particular. O trato tem ser técnico e dentro da lei. Fora disso é irresponsabilidade, falta de noção mínima das obrigações, desrespeito pela saúde dos cidadãos. Vergonha! Sem classificação!, “escreveu o ex-ministro.

Em discurso feito nesta terça-feira, Bolsonaro voltou a falar que a questão da pandemia do novo coronavírus foi superdimensionada. Segundo ele, o Brasil tem que “deixar de ser um país de maricas” e “enfrentar o assunto de peito aberto”. “Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas. Olha que prato cheio para a imprensa. Prato cheio para urubuzada que está ali atrás. Temos que enfrentar de peito aberto, lutar. Que geração é essa nossa?”, afirmou. Para ele, os problemas decorrentes da pandemia aconteceram porque não deixaram o “líder” trabalhar. Ele também criou uma polêmica ao falar em usar “pólvora” para proteger a Amazônia, em resposta a uma declaração do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, durante a campanha, sobre a possibilidade da imposição de sanções ao Brasil por causa da destruição da floresta.

O ex-ministro sofreu um processo de desgaste e era alvo de críticas do escritor Olavo de Carvalho e do filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Ele foi o primeiro ministro militar a ser desligado do Governo e a terceira baixa na esplanada dos ministérios desde que o presidente assumiu o palácio do planalto — depois vieram mais sete. Em nota, o porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, confirmou a saída de Santos Cruz dizendo que a demissão não afetaria “a amizade, a admiração e o respeito mútuo” entre o ex-ministro e Bolsonaro. Na época em que foi demitido, Santos Cruz disse que a gestão Bolsonaro perde tempo com “bobagens” e “fofocagem” quando deveria dar prioridade a ações relevantes do governo para o País. “Se você fizer uma análise das bobagens que se tem vivido, é um negócio impressionante. É um show de besteiras. Isso tira o foco daquilo que é importante”, afirmou. “O que acontece é que os recursos todos de tecnologia estão fazendo muita gente esquecer que a melhor maneira de você se comunicar, principalmente entre pessoas públicas, não é de maneira pública. É pessoalmente”, continuou.

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