Secretário do Coaf diz na CPI desconhecer investigação sobre empréstimo

  • Por Agência Brasil
  • 15/09/2015 16h22
A general view of the headquarters of Odebrecht, a large private Brazilian construction firm, in Sao Paulo in this November 14, 2014 file photo. Brazilian police on June 19, 2015, arrested Marcelo Odebrecht, the head of Latin America's largest engineering and construction company Odebrecht SA, local media said, pulling the most high-profile executive into the corruption investigation at state-run oil firm Petrobras. Federal officers had orders to arrest a total of 12 people in four states and bring them to the southern city of Curitiba where the investigation is based, according to a federal police statement that did not give the names of the detained. REUTERS/Paulo Whitaker/Files Reuters Odebrecht

O secretário-executivo do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ricardo Liáo, disse nesta terça-feira (15), em depoimento à comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara que analisa os empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não ter conhecimento se o órgão investiga operação de empréstimo da construtora Odebrecht à empresa de consultoria de projetos Noronha Engenharia.

A Odebrecht foi responsável pela construção do Porto de Mariel, em Cuba, e, segundo matéria do site Congresso em Foco, teria feito repasses irregulares à Noronha.

“Desconheço porque, além do contato telefônico do jornalista [do Congresso em Foco] comigo, não recebi, e desconheço se o Coaf recebeu, pelas vias normais de comunicação, informações sobre essa operação. São de 4 a 5 mil comunicações diárias ao Coaf. Pescar uma situação dessas seria difícil. Teria de fazer uma consulta sistêmica”, afirmou.

Liáo informou ter sido procurado pelo jornalista em abril do ano passado e questionado, em caráter hipotético, sobre a operação. Segundo ele, o Coaf  consultará seu banco de dados e liberará eventuais informações sobre o assunto sem problemas,  mediante requerimento dos parlamentares.

Segundo reportagem do Congresso em Foco, veiculada em maio de 2014, a Odebrecht teria feito empréstimo de R$ 3 milhões à Noronha Engenharia. Em 2013, sem ter terminado de pagar a dívida, a empresa teria assinado contrato mediante o qual receberia mais R$ 3,6 milhões da construtora para certificar a qualidade das estruturas do porto.

Liáo também foi perguntado se um banco como o BNDES não teria mecanismos para detectar e evitar desvios como o pagamento de propinas e superfaturamento, como os denunciados por executivos da Camargo Corrêa e Engevix no caso das obras de Belo Monte.

“Se o BNDES deveria ter uma área específica de investigação de riscos? Diria que todo banco de porte tem, monta ou constrói dentro da instituição uma estrutura proporcional ao seu tamanho para mitigar eventuais riscos (…) Eu até recomendaria, se não existe, alguma coisa nesse sentido”, declarou.

Líao, que já atuou no Departamento de Combate a Ilícitos Cambiais do Banco Central, está no Coaf desde 2013. Ele afirmou que, nesse período, nunca chegou ao órgão “qualquer tipo de interferência ou crítica” por parte do governo. O órgão, vinculado ao Ministério da Fazenda, tem a função de disciplinar a prevenção da lavagem de dinheiro e classificar as operações suspeitas de lavagem.

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