Senador que votou contra criminalização do caixa 2 protesta: ‘Ir para a cadeia? De jeito nenhum’
Para Marcelo Castro (MDB-PI), ex-ministro da Saúde do governo Dilma, o Código Penal é “coisa para bandido” e não para político
Apenas dois senadores votaram contra o projeto de criminalização do caixa 2 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa na última quarta-feira (10): Rogério Carvalho (PT-SE) e Marcelo Castro (MDB-PI). Esse último, ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff citado na delação da J&F como um dos beneficiados por recursos ilícitos na eleição de 2014, disse que é “praticamente impossível” fazer campanha eleitoral sem “nenhum centavo não contabilizado”.
“Estamos entrando num caminho aqui, diante do qual é preciso uma reflexão. Vamos pensar, e eu topo: ‘Pegou caixa dois, perdeu o mandato’. Perco o meu mandado tranquilo, vou para casa viver com a minha família. Agora, ir para cadeia? Está doido? De jeito nenhum”, declarou. Para ele, o Código Penal é “coisa para bandido” e não para político.
Médico psiquiatra, Castro comparou o caixa 2 a um “vício”. “Chegamos a um nível de promiscuidade tal que o melhor que a classe política faria seria ficar longe das empresas, por décadas, até se tirar esse vício”, afirmou.
Executivos da J&F acusaram o senador em delação premiada de receber R$ 1 milhão como contrapartida para apoiar a candidatura do deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ) para a presidência da Câmara, em 2015. O caso tramita na Justiça Eleitoral. Procurado, Castro negou ter recebido a quantia e afirmou que a citação não resultou em investigação.
*Com Estadão Conteúdo
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