Sete pessoas morrem no interior do Amazonas por falta de oxigênio
Prefeitura de Coari manifestou o seu ‘completo desagrado’ e repúdio com a ‘irresponsabilidade’ da Secretaria de Estado de Saúde; segundo a administração, 40 cilindros que estavam previstos para chegarem ontem só foram entregues na manhã de hoje
Sete pessoas que estavam internadas no Hospital Regional de Coari, interior do Amazonas, morreram na manhã desta terça-feira, 19, por falta de oxigênio. Em nota, a prefeitura do município manifestou o seu “completo desagrado” e “repúdio” com a “forma irresponsável” que a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas “está lidando com a saúde do interior, prejudicando todo o planejamento realizado pelo município de Coari para o enfrentamento da pandemia da Covid-19“. De acordo com a gestão, desde a última semana, cerca de 200 cilindros estão retidos pelo patrimônio da Secretaria Estadual de Saúde. A maioria aguarda abastecimento, enquanto a outra parte foi distribuída para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital.
A prefeitura de Coari afirmou, ainda, que representantes da Secretaria Municipal de Saúde e do Hospital Regional estiveram em contato com a gestão estadual, que confirmou o envio de 40 cilindros de oxigênio para Coari. O insumo, que estava previso para chegar às 18h desta segunda-feira, 18, no aeroporto da cidade, foi entregue somente às 7h do dia seguinte. Isso porque o voo passou direto para o município de Tefé, ficando impossibilitado de retornar a Coari, uma vez que o município não opera voos noturnos. O Hospital Regional de Coari só tinha até 6h de oxigênio, e os pacientes acabaram indo a óbito. “A prefeitura se solidariza com as famílias enlutadas e informa que irá prestar todo o apoio necessário aqueles que perderam seus entes queridos nesta madrugada”, disse a administração em nota.
Manaus vive um cenário caótico desde a última semana com o esgotamento de oxigênio em diversas unidades de atendimento. Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério da Saúde teve conhecimento da escassez no estoque de cilindros no estado no dia 8 de janeiro. A informação foi passada ao ministério pela empresa fabricante do produto. O ministro Eduardo Pazuello disse, em entrevista, que o problema não foi a falta de planejamento, mas sim o esgotamento da capacidade de produção do fornecedor. Nesta segunda-feira, 18, caminhões da Venezuela cruzaram a fronteira com o Brasil para levar oxigênio a Manaus. O governador do Estado, Wilson Lima, que estava ao lado de Pazuello durante pronunciamento, explicou que em poucos dias o consumo de oxigênio passou de 15 mil para 70 mil metros cúbicos no estado.
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