Suspensão de voos da Avianca surpreendeu passageiros em São Paulo
A suspensão dos voos da companhia aérea Avianca Brasil nesta sexta-feira (24), pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), surpreendeu muitos passageiros no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Apesar do movimento tranquilo no aeroporto na tarde de hoje, alguns passageiros se aglomeravam em frente ao balcão de check in da companhia em busca de solução para os seus voos, que foram todos cancelados.
Segundo informações da Infraero, 12 chegadas previstas para o Aeroporto de Congonhas hoje (24), desde as 13h55, foram canceladas. Também foram cancelados dez voos previstos desde as 14h24 para decolarem do aeroporto com destino a Brasília, Salvador e Rio de Janeiro.
O enfermeiro Igor Cintra Sampietri, 31 anos, comprou passagem da Avianca de São Paulo para o Rio de Janeiro há cerca de dois meses. Ele está indo para um casamento, marcado para este sábado (25). “Pretendo chegar ao Rio de Janeiro. Mas como, eu não sei”, disse.
Sampietri chegou ao aeroporto às 12h30 para um voo que deveria sair no meio da tarde. “Consegui fazer o check in pelo aplicativo. Estou com o cartão de embarque da Avianca, mas não fui informado de que esse trecho seria cancelado. Cheguei cedo aqui por conta de todo o transtorno e estou sem resposta ainda. Teoricamente, meu voo vai sair às 19h40, de Viracopos [em Campinas]”, disse, aguardando por um ônibus que deve deixar São Paulo com destino ao aeroporto de Campinas, onde ele deve embarcar em um voo da companhia Azul.
Ele disse que, quando comprou a passagem da Avianca, já tinha conhecimento dos problemas que a companhia vem enfrentando, mas comprou mesmo assim porque ainda haviam trechos que estavam disponíveis. “Comprei por pontos, até para utilizar os pontos porque a companhia, eventualmente, vai acabar. E fui monitorando semanalmente para ver o que iria acontecer. Teoricamente, se eles venderam a passagem, o voo estava disponível”, explicou.
“Vim mais cedo por conta disso [da suspensão dos voos pela Anac], para saber o que estava acontecendo, o que ia acontecer com os voos. Até porque o check in foi feito. Estou esperando até agora [uma solução]. Eles dizem que vai sair o meu cartão de embarque [do novo voo pela Azul]. Mas ainda estou esperando”, disse, por volta das 16h.
O enfermeiro reclamou, inclusive, que a Avianca não lhe forneceu qualquer assistência no aeroporto, tal como voucher para alimentação, o que está previsto em resolução da Anac para casos de atrasos em voos ou cancelamentos.
A estudante Vitória Souza, 21 anos, pretende ir para Salvador no dia 17 de junho pela Avianca. A passagem foi comprada em março. Mas, agora, com medo de não conseguir voar pela companhia, ela foi hoje ao Aeroporto de Congonhas em busca de alguma solução para seu problema. “Quero pedir reembolso. Ainda estou esperando para ser atendida”, disse.
“Acho tudo isso uma palhaçada. Espero que eles me deem o reembolso para que eu compre uma passagem de ônibus, já que agora as passagens de avião [para Salvador] já estão muito caras. Não espero mais nada da Avianca”, reclamou.
A esteticista Rosangela Maria dos Santos Barros, 46 anos, de Belo Horizonte, também estava na área de check in da Avianca em Congonhas, na tarde de hoje. Seu voo sairia do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, para Campinas, hoje à noite, mas ela conseguiu um voo à tarde para vir a São Paulo. “Como o voo foi cancelado, a Avianca me forneceu uma passagem agora à tarde, pela Gol, para vir para São Paulo. Consegui resolver a vinda. Mas agora estou tentando resolver a volta”, disse.
“Eu tinha comprado essas passagens no dia 17 de janeiro. Não sabia que a Avianca estava desse jeito. Eu tinha programado passeios com os irmãos. Mas tive que mudar tudo. Inclusive, eu trabalho durante o dia. Eu iria trabalhar hoje, durante o dia, para vir para São Paulo só à noite. Mas eu tive que cancelar todas as minhas clientes para não perder a passagem. Foi muito chato. Meu marido, que é eletricista autônomo, também teve que cancelar seu serviço para vir também nesse horário”, disse. Ela reclamou que só ficou sabendo do problema da Avianca pela imprensa porque a companhia não lhe informou nada. “A Avianca deixou a minha família sem explicação.”
O professor de Educação Física Fernando Moreira, 35 anos, que estava acompanhado por sua esposa e seus dois filhos, de 6 anos e de 4 meses, também estava no aeroporto de São Paulo buscando resolver problemas em seu voo para Brasília, onde pretende ir para o casamento do cunhado, neste sábado.
“Quando a gente estava vindo [para o aeroporto] é que verificamos que os voos tinham sido cancelados. Para conversar foi rápido. O atendente pediu os dados da viagem e falou que vai tentar alocar [o voo] para outra empresa. E agora estamos no aguardo para ver se vamos conseguir”, relatou.
“A volta, ele [atendente] já informou que também foi cancelada. Estamos nesse momento só preocupados para ir, porque é o casamento. Para a volta vamos ver o que a gente faz. Até verificamos em outras empresas para comprar agora, mas ficou um valor absurdo, sem condições. Não tem jeito”, disse o professor.
Ele contou que comprou as passagens de ida e volta há cerca de cinco meses, quando “não tinha problema nenhum” com a Avianca. “A sensação que a gente tem é que o país é uma bagunça. Eles fazem o que querem, quando querem, e a gente tem que se adaptar aos problemas deles. Mas vamos esperar uma solução.”
Outro lado
Por meio de nota, a Avianca informou que tomou a iniciativa de suspender temporariamente suas operações. “A Anac foi oficialmente comunicada nesta sexta-feira, 24 de maio de 2019, e a decisão, tomada pela Avianca Brasil, tem como propósito preservar os padrões de segurança e eficiência que sempre foram prioridades em sua operação. A empresa reitera ainda que está totalmente focada em dar continuidade ao seu Plano de Recuperação Judicial”, diz a nota.
A companhia aérea disse ainda que “continuará cumprindo a Resolução 400 da Anac para atender aos passageiros que tiveram seus voos cancelados e reforça que atua na busca de soluções para restabelecer a sua operação”.
*Com Agência Brasil
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