Uma em cada quatro mulheres foi vítima de violência durante a pandemia, aponta Datafolha

Perda de emprego e redução da renda deixaram o gênero feminino mais exposto durante o período; tipo de agressão mais frequentemente relatado foi a ofensa verbal, como insultos e xingamentos

  • Por Jovem Pan
  • 07/06/2021 10h31 - Atualizado em 07/06/2021 10h40
WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO - 11/05/2021 Mulher caminha diante de um grafite representando uma mulher sendo calada na Avenida dos Bandeirantes A cada minuto, oito mulheres apanharam no Brasil durante a pandemia, diz o Instituto Datafolha

Uma em cada quatro mulheres brasileiras acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência ou agressão durante a pandemia do coronavírus no Brasil. Sendo assim, cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual nos últimos 12 meses. Os dados integram a terceira edição do levantamento “Visível e Invisível – A vitimização de mulheres no Brasil”, realizado pelo Instituto Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O estudo foi realizado presencialmente com 2.079 pessoas com 16 anos ou mais, em 130 municípios brasileiros, entre os dias 10 e 14 de maio.  Em 2020, ao mesmo tempo em que os casos aumentavam, os números de registros de boletins de ocorrências por violência doméstica apresentavam queda, o que pode ser explicado pelo isolamento social imposto pela pandemia, o que exigia da vítima uma permanência maior dentro de casa junto a seu agressor.

“Porém, mais de 1 ano depois do início da pandemia no Brasil, não se pode perder de vista que o país tem convivido com um quadro perverso que combina diversas formas de violência, índices muito baixos de isolamento social, mesmo com o recrudescimento da pandemia, e altos níveis de desemprego e perda e/ou diminuição de renda”, diz a pesquisa, que mostra que a falta de autonomia financeira, como perda de emprego e redução da renda, deixaram as mulheres mais expostas à violência. Entre as mulheres vitimadas no período, 61,8% afirmaram que a renda familiar diminuiu. Em relação as que não sofreram violência, o percentual foi de 50%. O estudo mostra que as 46,7% das pessoas do gênero feminino que relataram sofrer violência também perderam o emprego durante a pandemia. A média entre as que não sofreram violência foi de 29,5%.

Segundo o estudo, 4,3 milhões de mulheres (6,3%) foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes. Isso significa que, a cada minuto, oito mulheres apanharam no Brasil. Entre os tipos de violência mais comuns está a ofensa verbal (18,6%), como insultos e xingamentos. Cerca de 3,7 milhões de brasileiras (5,4%) sofreram ofensas sexuais ou tentativas forçadas de manter relações sexuais. No Brasil, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento (2,4%), 5,9 milhões (8,5%) relataram ter sofrido ameaças de violência física como tapas, empurrões ou chutes, e 2,1 milhões (3,1%) sofreram ameaças com faca (arma branca) ou arma de fogo.

Em relação ao perfil da vítima, verifica-se que quanto mais jovem, maior a prevalência de violência. Mulheres pretas experimentaram níveis mais elevados de violência (28,3%) do que as pardas (24,6%) e as brancas (23,5%). A pesquisa também aponta que mulheres separadas e divorciadas apresentaram níveis mais elevados de vitimização (35%) do que em comparação com casadas (16,8%), viúvas (17,1%) e solteiras (30,7%). Companheiros, ex-companheiros e familiares são os principais autores de violência e a residência segue como o espaço de maior risco para as mulheres. A maioria (44,9%) não fez nada em relação à agressão mais grave sofrida. Apenas 11,8% denunciaram em uma delegacia da mulher, 7,5% denunciaram em uma delegacia comum, 7,1% das mulheres procuraram a Polícia Militar (190) e 2,1% ligaram para a Central de Atendimento à Mulher. 21,6% das mulheres procuraram ajuda da família, 12,8% procuraram ajuda dos amigos e 8,2% procuraram a Igreja.

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