Zema: Governo federal vai buscar tecnologia internacional para encontrar corpos soterrados

Estadão Conteúdo O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo)

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou neste sábado (26) que o governo federal vai procurar trazer tecnologia de outros países para ajudar a recuperar os corpos que ficaram soterrados em Brumadinho, após o rompimento de uma barragem da mineradora Vale. Segundo ele, Israel já se ofereceu para disponibilizar esses equipamentos de imagem, que podem localizar corpos que estejam a 3 ou 4 metros de profundidade.

Até o momento, nove corpos foram retirados da lama e 189 pessoas foram resgatadas com vida. A primeira vítima fatal identificada da tragédia é a médica Marcelle Porto Cangussu, que trabalhava na Vale desde 2016. A mineradora divulgou uma lista com cerca de 400 nomes de funcionários e terceirizados com os quais não foi possível entrar em contato.

Em relação à punição dos responsáveis pela tragédia, Zema disse que será feito aquilo que a legislação permite. “Não podemos no Brasil pena de morte, se a lei não prevê”. O governador afirmou, ainda que a legislação ambiental de Minas Gerais e do Brasil são “das mais rigorosas”, e que será preciso rever o que aconteceu, já que a barragem estava inativa há quatro anos e, mesmo assim, se rompeu.

“É prematuro fazer qualquer diagnóstico da tragédia, mas, a princípio, todos os alvarás e as licenças estavam em dia. Uma mina desativada há quatro anos se rompeu. Ela estava praticamente coberta por vegetação. Isso é preocupante. Vamos ter que rever, não poderia ter acontecido”, completou.

Possibilidade de vítimas com vida

O comandante do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Estevão, afirmou que ainda há a possibilidade de se encontrar vítimas da tragédia com vida. De acordo com ele, há a informação de quatro pontos onde elas possam ser encontradas: um ônibus, uma locomotiva, um ponto de prédio e um ponto próximo à barragem. Foram empenhados para esses locais 396 bombeiros.

Barragem da Vale se rompeu em Brumadinho, em Minas Gerais, nesta sexta-feira (25)

O coronel Estevão informou que o Corpo de Bombeiros trabalham com o número de 354 desaparecidos. Essas pessoas foram cadastradas pela Vale e integram o grupo de funcionários e terceirizados da mineradora. Familiares que estiverem buscando seus parentes e que não estão nessa lista, devem procurar a coordenadoria da Defesa Civil, para integrar um rol de novos desaparecidos, informou o comandante.

Trabalham no resgate dos desaparecidos, segundo o comandante da corporação, 140 bombeiros em catorze helicópteros.

Nos próximos dias, é possível que os bombeiros precisem de cães farejadores do Corpo de Bombeiros de outros estados para auxiliar nas buscas. “Vamos pedir tanto para o governo federal quando para cada um dos corpos militares do Brasil que se colocaram à disposição”, disse o coronel Estevão.

Brumadinho x Mariana

O coronel Borges, da coordenadora da Defesa Civil de Minas Gerais, afirmou que o incidente em Brumadinho corresponde a apenas 20% da tragédia de Mariana, ocorrida em novembro de 2015. No entanto, embora a área atingida seja menor, as perdas humanas podem ser muito maiores.

Uma segunda barragem, de água, de acordo com ele, está sendo monitorada, pois também pode romper — e agravar a situação. O coronel informou, ainda, que o abastecimento de água da capital e da região de Belo Horizonte está normalizado e que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) está trabalhando para retomar o abastecimento de energia a 2 mil famílias.

Doações

A Defesa Civil informou que dezenove famílias estão desalojadas, totalizando sessenta pessoas.

Quem quiser fazer doações aos atingidos pela lama, pode entregar os donativos nos seguintes batalhões da Polícia Militar (BPM): 5° BPM, de Mineira; 18° BPM, em Contagem; 2° BPM, em Contagem; 66° BPM, em Betim; além do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), que também estão recolhendo os donativos.

Podem ser doados gêneros alimentícios não perecíveis, água e material de limpeza.