Cameron diz que atitude da Rússia é inaceitável e deve ter consequências
Bruxelas, 6 mar (EFE).- O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou nesta quinta-feira que o comportamento da Rússia “é inaceitável e deve ter consequências”, que crescerão se Moscou não tomar medidas de distensão, embora tenha defendido primeiro por criar um diálogo direto entre Kiev e Moscou.
“Hoje há três coisas sobre a mesa: primeiro, temos que nos assegurar de que Ucrânia e Rússia se sentem para dialogar; segundo, demonstrar na União Europeia (UE) que ajudaremos os ucranianos e, em terceiro lugar, enviar uma clara mensagem ao governo russo que o que aconteceu é inaceitável e que deve ter consequências”, disse Cameron a sua chegada à cúpula extraordinária de líderes.
O governante inglês afirmou que se a Rússia não parar seu comportamento e tomar mais medidas, “isso seria ainda mais inaceitável e requereria ainda mais consequências”.
Cameron se mostrou esperançoso de que a cúpula dos chefes de Estado e do governo da UE, reunidos hoje de forma extraordinária para abordar a crise na Ucrânia, termine com resultado “positivo”.
Paralelamente, a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaitè, afirmou que a UE deve “estar unida e falar com uma só voz” diante do que classificou como “atitudes imprevisíveis”.
“Estamos diante do perigo de reescrever as fronteiras do pós-guerra, esse é o sinal que a Rússia nos envia e temos que entendê-lo corretamente e atuar imediatamente”, acrescentou, enquanto advertiu que “depois da Ucrânia virá a Moldávia e depois outros países”.
Considerou que o comportamento da Rússia “é uma agressão aberta e brutal” e lembrou que na semana passada houve exercícios militares por parte de Moscou com armas táticas “contra a Polônia e Lituânia”, uma demonstração que Rússia tem um “comportamento internacional imprevisível”.
O presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, insistiu que é preciso diminuir o nível das tensões, na mesma linha em que o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, se pronunciou, ressaltando que “há uma crise a acalmar e a Europa deve mostrar seu papel de moderador”.
Da mesma forma que Cameron, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, defendeu analisar como iniciar o diálogo entre as partes, talvez em um grupo de coordenação ou de contato, mas advertiu que não podem passar da ordem do dia, sobretudo quando ainda não houve essas conversas diplomáticas.
Em paralelo com esses esforços para fomentar um diálogo entre a Ucrânia e a Rússia, os líderes abordarão hoje a possibilidade de impor sanções a Moscou.
“Vamos falar de sanções, sanções de diferente natureza. Se essas precisarem ser executadas, haverá que decidir assim que se vir quanto o processo diplomático avançar”, explicou Merkel, em referência à reunião ministerial realizada em Roma sobre a Líbia e à qual prevê-se que o titular russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, vá.
Merkel respaldou o pacote de ajuda aprovado ontem pela Comissão Europeia (CE) no valor de 11 bilhões de euros a fim de “ajudar as pessoas que lutaram pela liberdade e democracia e garantir que suas aspirações se cumpram”.
O presidente francês, François Hollande, afirmou que a UE oferecerá ao governo ucraniano o respaldo de que necessita para empreender as reformas econômicas e organizar as eleições presidenciais.
O presidente francês disse que hoje “será feita a pressão mais forte possível para que a Rússia se envolva no processo” para reduzir a tensão, enquanto precisou que “essa pressão inclui, certamente, o eventual recurso às sanções”.
O objetivo da pressão será “abrir a via do diálogo”, que é o que já fizeram ontem em Paris, disse Hollande em referência à reunião de ontem com o secretário de Estado americano, John Kerry e o ministro russo das Relações Exteriores.
Hollande afirmou que a UE deve fazer “uma pressão suficientemente forte” para diminuir a tensão, abrir a via do diálogo e poder permitir finalmente à Ucrânia decidir seu destino”.
“Para ser eficazes, todos os europeus devem falar da mesma maneira, com a mesma determinação e com os mesmos objetivos”, acrescentou Hollande, que assinalou que se a UE “estiver unida poderá conseguir uma solução”. EFE
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