Candidatos falarão sobre aborto e casamento gay em debate da CNBB
São Paulo, 15 set (EFE).- Oito dos 11 candidatos à presidência da República nas eleições de 5 de outubro participarão nesta terça-feira de um debate organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e no qual apresentarão suas posições sobre temas polêmicos para os religiosos, como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O presidente da CNBB, o cardeal Raymundo Damasceno, adiantou que o debate será focado em temas sociais e disse que espera que os candidatos se posicionem claramente sobre assuntos polêmicos, pois a população merece conhecer o que pensa cada um deles.
“É um oportunidade para que a população, especialmente a católica, conheça qual é a influência da religião naqueles que querem governar o país”, afirmou Damasceno, arcebispo de Aparecida e um dos 300 religiosos que estarão no evento.
O debate será realizado nas dependências do Santuário Nacional de Aparecida, no interior de São Paulo, e será retransmitido por oito emissoras de televisão e 230 de rádio controladas pela Igreja Católica.
A CNBB informou que os oito candidatos que confirmaram sua participação são: Dilma Rousseff, Marina Silva, Aécio Neves, Pastor Everaldo, Eduardo Jorge, Eymael, Levy Fidelix e Luciana Genro.
De acordo com a pesquisa Ibope divulgada na última sexta-feira, Dilma lidera as intenções de voto no primeiro turno com 39%, seguida por Marina Silva com 31%, pelo senador Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com 15%, e pelo pastor evangélico Everaldo Pereira, do Partido Social Cristão (PSC), com 1%.
Em um eventual segundo turno entre Dilma e Marina, as duas estão tecnicamente empatadas, com 43% para a candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o 42% para a atual presidente.
Tanto Marina como Aécio e o Pastor Everaldo se manifestaram claramente contra o aborto, que no Brasil é permitido em casos de estupro, risco para a mãe e anencefalia do feto, mas todos por motivos diferentes.
Dilma afirmou ser contra o aborto, mas no geral tenta evitar o assunto. Entretanto, vários bispos acusam o Partido dos Trabalhadores (PT) de ser favorável a uma flexibilização da lei sobre a interrupção da gravidez.
Marina, que é evangélica e em sua juventude chegou a passar pela Casa Madre Elisa, um pré-noviciado católico, possui posições muito próximas a da CNBB e foi alvo de duras críticas nas últimas semanas por ter retirado do programa de governo do PSB o apoio ao casamento gay.
Outros dois candidatos que participaram do debate se declararam favoráveis ao aborto, à descriminalização da maconha e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo: o médico Eduardo Jorge, candidato do Partido Verde (PV), e Luciana Genro, que concorre pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Os outros dois participantes são mais conservadores e se declararam defensores das posições da Igreja, Levy Fidélix, do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), e José Maria Eymael, do Partido Social Democrata Cristão (PSDC).
Esta será a segunda vez que a CNBB organizará um debate entre candidatos à presidência, depois das eleições de 2010, quando promoveu um encontro no qual Dilma não compareceu devido à polêmica provocada pela decisão de alguns bispos de boicotar sua candidatura por considerá-la uma defensora do aborto.
No primeiro bloco do debate, os candidatos terão que responder a uma mesma pergunta feita pela CNBB e, no segundo, a perguntas diretas de oito bispos. Já no terceiro, responderão a perguntas de jornalistas de mídias católicas, enquanto o quarto bloco será reservado para o confronto entre si. No quinto, os candidatos farão suas considerações finais. EFE
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