Caso Yoki vai a júri com mistério sobre cúmplice de Elize

  • Por Estadão Conteúdo
  • 26/11/2016 12h37
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Brasil, São Paulo, SP, 06/06/2012. Elize Araújo Kitano Matsunaga, de 38 anos, suspeita do assassinato do marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, de 42 anos,diretor da Yoki, chega à sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo, onde presta depoimento. Elize confessou em depoimento ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que matou e esquartejou o marido por ciúmes. Após oito horas de depoimento, o diretor do DHPP, Jorge Carlos Carrasco, diz que não há dúvidas em relação à autoria do crime e acredita que o assassinato não foi premeditado. Elize afirmou que realizou tudo sozinha e atirou contra o marido após uma discussão. Uma perícia será realizada ainda nesta quarta-feira no apartamento onde ocorreu o crime. Segundo Carrasco, Ela teria usado técnicas aprendidas ao trabalhar em um centro cirúrgico para desmembrar o corpo, deixando o cadáver em um quarto durante 10 horas antes de esquartejá-lo na cobertura do casal, na Vila Leopoldina. - Crédito:NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:114965 Agência Estado Elize Matsunaga - Agência Estado

Às vésperas do júri de Elize Matsunaga, acusada de assassinar e esquartejar o marido, Marcos Kitano Matsunaga, em maio de 2012, o mistério sobre a possível participação de uma segunda pessoa no crime permanece. Enquanto o Ministério Público de São Paulo (MPE) diz ter “certeza técnica” de que a ré recebeu ajuda para retalhar o corpo da vítima em sete partes, a defesa afirma que ela agiu sozinha. Segundo a promotoria, novas explicações sobre o ocorrido no apartamento da vítima serão apresentadas aos jurados.

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Entre acusação e defesa, há apenas um ponto pacífico: foi Elize quem matou Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro do grupo Yoki. Ela confessou o crime e vai responder por homicídio triplamente qualificado (com motivo torpe, impossibilidade de defesa e meio cruel), além de destruição de cadáver. A pena pode chegar a 33 anos, caso seja condenada pelos dois crimes.

O julgamento vai começar na segunda-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital. Responsável pela acusação, o promotor José Carlos Cosenzo afirma que receberia com “indignação” a notícia de pena inferior a 24 anos de prisão. A defesa diz que vai tentar absolvê-la. “Em júri, tudo pode acontecer”, diz a advogada Roselle Soglio, que defende Elize.

Ajuda. Na versão da promotoria, a ré recebeu ajuda para esquartejar o ex-marido. No júri, a acusação vai apresentar como uma das provas o resultado de perícia que aponta presença de DNA de outro homem no cadáver de Marcos. O laudo deixaria claro que duas pessoas atuaram no esquartejamento. “Quem fez as secções das partes superiores não domina técnicas de anatomia”, diz Cosenzo.

Elize tinha conhecimentos de Enfermagem e, por isso, seria a responsável por desmembrar as partes inferiores da vítima, segundo o MPE. Um corte acima do umbigo teria sido feito com precisão de bisturi – e não por faca. “Era preciso ter alguém segurando o corpo para as vísceras não caírem”, afirma o promotor do caso.

De acordo com Cosenzo, não haveria câmeras de segurança instaladas nas saídas de emergência nem sequer no segundo subsolo do condomínio, permitindo que o outro participante pudesse chegar ao apartamento sem ser visto. Segundo afirma, a acusação vai explorar “um hiato” entre a morte de Marcos, o esquartejamento do corpo e a ocultação do cadáver.

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a possível participação de outra pessoa no crime, mas as investigações estão sob segredo de Justiça. A advogada Roselle Soglio nega a versão do promotor. “Ele está insistindo em algo que não existe”, afirma. “Não há terceira pessoa. Elize praticou o crime absolutamente sozinha.”

Outro embate que promete marcar o julgamento é se Marcos começou a ser degolado ainda vivo. Segundo o MPE, ele chegou a engolir sangue. A defesa, contudo, afirma que um laudo necroscópico, feito após exumação do corpo, aponta que a vítima já estava morta. As partes devem discutir, ainda, se os crimes foram premeditados.

Retirada de provas. Após pedido dos advogados de Elize, a Justiça retirou do rol de provas três documentos da acusação. Entre eles, um laudo do psiquiatra forense Guido Palomba, para quem Elize seria “psicopata”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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