Cientistas tentam provar que leão-do-atlas não desapareceu

  • Por Agencia EFE
  • 31/08/2014 06h23
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Marta Miera.

Rabat, 31 ago (EFE).- Ele enfrentou gladiadores no Império Romano e fez parte das coleções particulares nas cortes dos sultões, no entanto, na atualidade o leão-do-atlas sobrevive em um zoológico próximo a Rabat.

Ou não? Afinal existe ou não o leão-do-atlas? É o que tentam elucidar os especialistas: se o leão desse zoológico é o mesmo que habitou as montanhas do norte da África.

Símbolo do Marrocos e insígnia da seleção nacional de futebol, este felino de extensa juba, um peso que supera os 200 quilos e com cerca de três metros de comprimento, representa a força, a majestosidade, a proteção e a dignidade do país.

Durante anos os pesquisadores sustentaram que o leão desapareceu em 1920 por causa da progressiva deterioração de seu habitat, o que o obrigou a descer das montanhas na busca de presas e começar a se alimentar do gado dos criadores.

A perseguição dos fazendeiros para salvar seus animais e as caçadas organizadas durante a época colonial (1912-1956) fizeram com que pouco a pouco o leão-do-atlas fosse se extinguindo, embora alguns sustentem que a última vez que foi visto foi nos anos 1940.

Várias décadas depois, na década de 1970, o leão reapareceu de forma surpreendente, quando o primeiro Zoológico de Temara abriu suas portas e corte do rei Hassan II ofereceu a este lugar uma coleção privada de felinos que tinha pertencido a seu pai Mohammed V.

Foi aproximadamente nesse mesmo período que outros leões dessa coleção foram dados a zoológicos no Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, mas Salma Slimani, diretora de gestão administrativa do novo zoológico de Temara, assegura que seu rastro foi perdido.

Na década de 70 chegaram a Temara especialistas do exterior para comprovar a autenticidade dos leões-do-atlas guardados no zoológico, comparando-os com a fisionomia clássica do felino, e certificaram então que se tratavam dos originais.

No entanto, a carência de provas de DNA continuou alimentando até hoje as dúvidas.

Slimani destaca que atualmente está sendo realizada uma pesquisa entre Marrocos e os museus nacionais de história natural de Nova York e Paris, para comparar o DNA dos leões de Temara com os que estão dissecados na capital francesa.

Em 2012, o Zoológico de Temara foi reconstruído para transformá-lo em uma região mais de acordo com os tempos modernos; agora os animais estão espalhados em 27 hectares nos quais foram reproduzidos cinco ecossistemas. Além de servir de entretenimento, no zoológico os especialistas se encarregam da pesquisa e preservação das espécies.

“Com todos os mitos que se construíram ao redor do leão é impensável que não estivesse aqui (no zoológico), onde é um emblema, a alma do lugar e o motivo principal pelo qual muitos turistas vêm”, ressaltou Slimani.

Hoje o zoológico conta com cerca de 40 felinos, frente aos 22 que tinham em 2012 e os veterinários se viram obrigados a trazer da Austrália anticoncepcionais para parar as reproduções. Uma coisa está clara, o leão se sente confortável.

Confortável, mas sem possibilidade de retornar a seu habitat natural já que não há presas suficientes para que este leão, que come uma média de sete quilos de carne por dia, se alimente, e porque, além disso, os aldeões do Atlas enfrentariam os mesmos problemas do passado.

“Em nível financeiro é muito caro e não acho que agora seja a prioridade, inclusive se se tratasse de um espaço protegido”, sentenciou Slimani, que pensa que “talvez as gerações futuras preservem estas coleções para mostrar às seguintes o vínculo entre o passado e o futuro em matéria de biodiversidade”.

Enquanto os pesquisadores determinam sua autenticidade, o felino vive em uma pequena reconstrução de seu ecossistema, não se preocupa em caçar suas presas e deleita a duras penas os adultos e crianças que o visitam, já que costumam dormir sob a sombra durante o dia todo.

Ao contrário de outros animais em vias de extinção no zoo, o suposto leão-do-atlas nunca voltará a correr livremente pelas montanhas do norte da África. EFE

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