Délhi se torna a segunda cidade mais povoada do mundo

  • Por Agencia EFE
  • 26/08/2014 10h23
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Noemí Jabois.

Nova Délhi, 26 ago (EFE).- Enquanto a população urbana da Índia cresce a passos gigantescos e Délhi acaba de se transformar na segunda cidade mais populosa do planeta, o gigante asiático é também o país com mais habitantes em zonas rurais.

Isto se deve ao crescimento natural da população, que apresenta às cidades indianas 45% de seus novos residentes, contra os 20% ou 30% que emigram do campo, explicou à Agência Efe o professor do Instituto Internacional de Ciências da População, R. B. Bhagat.

A Partilha do Subcontinente que em 1947 deu origem aos atuais territórios da Índia e do Paquistão causou o maior movimento migratório da história. Em um curto período de tempo, mais de 10 milhões de pessoas se deslocaram para um lado ou para o outro da fronteira.

Um mês depois de a Índia declarar independência, a capital do país passava de 700 mil a 1,5 milhão de habitantes, mas ainda não se comparava demograficamente as grandes cidades da época.

Nas duas últimas décadas, a população de Délhi duplicou até alcançar os atuais 25 milhões de residentes, se transformando na segunda maior cidade em número de pessoas depois de Tóquio, de acordo com um relatório publicado recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Com a chegada de novos moradores, a cidade expandiu, enquanto em zonas como Nova Délhi a população diminuiu, afirmou o especialista em migração.

No entanto, a criação de novos núcleos urbanos dentro da área metropolitana da cidade não é a solução para o maior problema do crescimento demográfico em massa: a moradia. Entre 15 e 20% da população de Délhi vive em favelas, onde a falta de espaço faz com que famílias inteiras vivam em habitáculos de dois ou três metros quadrados.

Sham Saran tem 58 anos e há 40 abandonou Moradabad, sua cidade natal, no estado de Uttar Pradesh, para ganhar a vida na então emergente Délhi.

Como muitos outros, ele, que trabalha como faxineiro, acabou em um bairro abarrotado de gente e “problemas”, sendo obrigado a lidar com a falta “de escolas, água e espaço”, além da “grande sujeira” característica destes locais.

A população das favelas continua aumentando na capital indiana, mas os novos residentes terão que compartilhar os metros já ocupados, porque, na opinião do professor Bhagat, não serão criados novos bairros. O especialista questiona “onde está o terreno disponível” para isso, embora sua voz denote que não espera resposta.

À escassez de imóveis se soma a de água, já que em Délhi existe uma brecha de 24% entre a demanda e a provisão real deste item básico, segundo dados governamentais. De fato, os especialistas calculam que entre 1950 e 2050 a disponibilidade de água na Índia cairá de 5.177 metros cúbicos por pessoa para 1.140 devido ao incessante aumento da população.

Filas intermináveis nas estações de metrô e incontáveis veículos esperando nos semáforos são imagens frequentes na capital do gigante asiático. Também é comum ver nuvens de pó causadas pela poluição, algo com que Shivee Aswal, uma estudante da cidade de Lucknow, não se acostuma.

Apesar já viver na capital há um ano, a jovem ainda se queixa de não conseguir “ver nem o Sol nem a Lua” quando sai de casa.

Em compensação, Délhi conseguiu fazer frente a outros desafios surgidos pelo aumento de residentes, em parte graças ao fato de que “o desenvolvimento das cidades está nas mãos dos estados”, disse Bhagat.

“Enquanto Bengala e Maharashtra têm outras grandes cidades das que cuidar, Délhi é em si um estado. Por isso, cresceu em termos de infraestrutura e oportunidades de emprego”, afirmou.

Uma lenda indiana diz que “qualquer um que construa uma nova Déli, a perderá”, já que o território que a cidade ocupa hoje acolheu no passado outras nove capitais desaparecidas. Contudo, se a Délhi pós-britânica conseguir superar o enorme desafio da imigração, se transformaria, provavelmente, na primeira a romper a “maldição”. EFE

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