Apesar de pandemia, Brasil cria 142 mil vagas com carteira assinada em 2020

Este é o terceiro ano seguido que o país fecha com saldo positivo

  • Por jovem Pan
  • 28/01/2021 10h48 - Atualizado em 28/01/2021 12h42
Paulo Whitaker/Reuters REUTERS/Paulo Whitaker - 24/03/2016 Em abril, no auge da crise causada pelo novo coronavírus, o Caged registrou recorde negativo de 942.774 demissões a mais que contratações

O mercado de trabalho brasileiro fechou o ano de 2020 com o saldo positivo de 142 mil postos de trabalho com carteira assinada, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia nesta quinta-feira, 28. Este é o terceiro ano seguido que o país registra saldo positivo. O saldo é o resultado de 15.166.221 contratações diante de 15.023.531 demissões. O mês de dezembro fechou com saldo negativo de 67.906 vagas, após 1.239.280 admissões e 1.307.186 desligamentos. Tradicionalmente, o mês registra mais demissões do que contratações. Este foi o melhor saldo para dezembro desde 1995. Em 2019, o último mês do ano fechou com 307.311 vagas fechadas a mais do que abertas. Em novembro, o índice havia ficado positivo em 414 mil vagas, o melhor para o mês desde o início da série histórica, em 1992.

O resultado foi comemorado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que comparou o saldo de 2020 com outros momentos de crise do país. “Na recessão de 2015, destruímos 1,5 milhões de empregos. Na recessão de 2016, também por consequência de erros internos da política econômica, perdemos 1,3 milhões de empregos. No acumulado de 2020, quando fomos atingidos pela maior pandemia dos últimos 100 anos, e teremos queda de 4,5% do PIB, o Brasil criou 142 mil novos empregos”, afirmou.

Apesar do resultado positivo, o saldo não foi suficiente para suprir as perdas geradas pela pandemia do novo coronavírus. Entre março e junho, o Brasil perdeu mais de 1,6 milhão de vagas. Já de julho até dezembro, foram criadas 1,4 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. Em abril, no pior momento da crise, o Caged registrou saldo negativo de 942.774 demissões a mais que contratações. Em maio, o saldo ficou com 366.200 demissões a mais que contratações, e em junho o acumulado negativo reduziu para 26.025. A partir de julho, o Brasil começou a criar mais postos de trabalho de forma sistemática. O segundo semestre abriu com saldo positivo de 137.965 vagas, pulando para 242.714 em agosto, 314.903 em setembro, 389.534 em outubro e 414.556 em novembro. A capacidade para criar postos de trabalho é um dos termômetros para medir o desempenho econômico do país.

No acumulado do ano, apenas o setor de Serviços teve saldo negativo, com 132.584 vagas fechadas a mais que abertas. Construção civil lidera o ranking com 112.174 vagas criadas, seguida pela indústria, com 95.588 novos postos de trabalho. A Agricultura criou 61.637 postos, enquanto o comércio fechou 2020 com 8.130 vagas. Das cinco regiões do país, quatro tiveram saldo positivo no acumulado do ano. Apenas o Sudeste perdeu vagas (-88.785), puxado pelo Rio de Janeiro que, sozinho, fechou 127.155, enquanto Minas Gerais criou 32.717. No Norte, o destaque é para o Pará, com 32.789, mais da metade dos 62.265 empregos formais gerados na região. No Nordeste, o Maranhão, com 19.753, e o Ceará, com 18.546, puxaram o saldo positivo de 34.689. No Sul, que teve 85.500 vínculos a mais, Paraná e Santa Catarina geraram 52.670 e 53.050, respectivamente. Já o Centro-Oeste teve Goiás como o principal criador de vagas, com 26.258 das 51.048 da região.

O índice positivo destoa de outros indicadores do mercado de trabalho. A taxa de desemprego ficou em 14,1% no trimestre encerrado em novembro de 2020, somando 14 milhões de brasileiros, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na manhã desta quinta-feira. A disparidade dos dados é reflexo das diferentes metodologias adotadas por cada pesquisa. O Caged leva em consideração apenas as contratações e demissões de empresas formais, ou seja, apenas conta as vagas de trabalho com carteira assinada, excluindo funcionários públicos e autônomos. Já a pesquisa do IBGE apresenta um retrato que soma todos os tipos de ocupações, incluindo as informais. A coleta de dados também varia de um levantamento para o outro. Enquanto o Caged é alimentado pelas informações passadas pelas próprias empresas ao Ministério da Economia, a Pnad é feita através de amostras em domicílio. Este trabalho era realizado pessoalmente, mas passou a ser por meio de consultas por telefone desde o início da pandemia do novo coronavírus. Por último, o Caged soma dados de todos os municípios brasileiros, enquanto a pesquisa do IBGE é realizada em cerca de 3,5 mil municípios.

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