Associação diz que 300 mil caminhoneiros devem aderir à greve a partir de 1º de fevereiro
Categoria se mobiliza contra preço do diesel e promessas não cumpridas após paralisação de 2018; governo afirma que entidade não representa trabalhadores
Entidades de caminhoneiros de todo o país estão se mobilizando para uma nova paralisação nacional a partir de 1º de fevereiro contra o aumento dos combustíveis e uma série de reivindicações não atendidas após a greve de 2018. O movimento é liderado pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e apoiado pelos 22 grupos que compõem o colegiado. Segundo o presidente da Associação Nacional do Transporte Autônomo do Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci, a mobilização contará com a adesão de 300 mil caminhoneiros em 18 estados brasileiros, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Ceará. A expectativa da entidade é que 70% de todos os trabalhadores parem de trabalhar por tempo indeterminado. “A categoria determinou este prazo caso não haja interesse do governo em buscar uma negociação. A categoria está muito mais consciente de 2018 para cá, aprendemos muito com o movimento paradista. A adesão para esta greve está maior e mais rápida que a de 2018”, afirma.
O movimento questiona as associações e confederações que foram indicadas para representar os trabalhadores após a parada histórica de três anos atrás. “A categoria entrou nesse movimento pela falta de empenho dos representantes, que não trouxeram nenhum retorno desde 2018. Hoje nós não reconhecemos eles como nossos representantes.” O reajuste dos combustíveis com o preço de paridade de importação (PPI), que é baseado nas cotações internacionais do petróleo, é uma das principais críticas dos caminhoneiros. As reivindicações também incluem a maior agilidade para a criação de um piso mínimo para o frete e a inclusão dos trabalhadores no debate da BR do Mar, o projeto do governo federal para incentivar o transporte de cargas por via marítima. “A lei para o piso mínimo é uma conquista de 2018, porém nunca se cumpriu até hoje e agora está parada no STF”, afirma Stringasci. Sobre o projeto de cabotagem, ele diz que a aprovação da medida trará impacto aos caminhoneiros. “Pedimos para que não se colocasse urgência para discutir essa proposta porque vai prejudicar muito a categoria e trará um impacto social negativo.”
A categoria dos caminhoneiros ganhou notoriedade em 2018 após a greve de 10 dias que paralisou o país entre maio e abril. O setor foi um dos principais críticos ao governo de Michel Temer (MDB) e apoiou a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo o presidente da ANTB, os manifestantes exigem que o próprio presidente participe das negociações. “Nos fomos a categoria que mais ajudou para a eleição. Vamos esperar que cada setor nos busque para acabar com mobilização, mas desta vez queremos que o presidente também participe das reuniões”, afirma. Em nota, o Ministério da Infraestrutura afirmou que a ANTB não representa os caminhoneiros e que “qualquer declaração feita em relação à categoria corresponde apenas à posição isolada de seus dirigentes.” “Nenhuma associação isolada pode reivindicar para si falar em nome do transportador rodoviário de cargas autônomo, e incorrer neste tipo de conclusão compromete qualquer divulgação fidedigna dos fatos referentes à categoria”, afirma.
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