Balança comercial fecha janeiro com déficit pela primeira vez desde 2015

  • Por Jovem Pan
  • 03/02/2020 15h58
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Tânia Rêgo/Agência Brasil container Balança comercial fechou US$ 1,745 bilhões negativa em janeiro

A queda na cotação de diversos produtos internacionais e a redução do embarque de alguns itens fizeram a balança comercial fechar janeiro com o primeiro déficit em cinco anos. No mês passado, o país importou US$ 1,745 bilhões (cerca de R$ 7,41 bilhões) a mais do que exportou. Este é o pior resultado para o mês desde 2015 (-US$ 3,875 bilhões).

No mês passado, as exportações caíram 20,2% pela média diária, atingindo US$ 14,43 bilhões (R$ 61,30 bilhões). As importações encerraram janeiro em US$ 16,175 bilhões (R$ 68,71 bilhões), com recuo de 1,3% pela média diária.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, o principal fator responsável pela retração das vendas externas foi a não exportação de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 1,3 bilhão (R$ 5,52 bilhões) ocorrida em janeiro do ano passado que não se repetiu neste ano. Em seguida, o saldo foi influenciado pela queda nas cotações internacionais e no volume das exportações de petróleo bruto, cujas vendas caíram US$ 592 milhões em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado.

As vendas de celulose caíram US$ 445 milhões (R$ 1,89 bilhões) na mesma comparação, influenciada pela desaceleração da economia chinesa. Também contribuiu para a queda nas exportações a redução de US$ 270 milhões (R$ 1,14 bilhão) nas vendas de milho e a diminuição de US$ 255 milhões (R$ 1,08 bilhão) nos embarques de soja, também provocado pela baixa demanda chinesa, que se refletiu nos preços internacionais.

O crescimento nas exportações de minério de ferro e seus concentrados (+US$ 314 milhões / R$ 1,33 bilhão), algodão (+US$ 282 milhões / R$ 1,19 bilhão) e derivados de petróleo (+US$ 207 milhões / R$ 879 milhões), não compensou a queda nos embarques de outros produtos. As exportações do principal produto responsável pelo repique da inflação no fim do ano passado, a carne bovina congelada, cresceram US$ 182 milhões (R$ 773 milhões) na comparação entre janeiro deste ano e janeiro de 2019.

Todas as categorias de produtos registraram queda nas exportações. As vendas de bens manufaturados caíram 27,7% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado, ainda influenciadas pela crise na Argentina. As vendas de produtos semimanufaturados caíram 25,2%. Para os produtos básicos, a queda nas exportações atingiu 11,9%.

Nas importações, as compras de bens de capital – máquinas e equipamentos usados na produção – subiram 6,6% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado. As aquisições de bens intermediários caíram 3,4%. No entanto, por causa da recuperação da economia, as compras de bens de consumo subiram 6,9%. As importações de combustíveis e lubrificantes tiveram forte queda, com recuo de 15,3%.

Depois de o saldo da balança comercial ter encerrado 2019 em US$ 46,657 bilhões, (R$ 198,19 bilhões) o segundo maior resultado positivo da história, o mercado estima menor superávit em 2020, motivado principalmente pela recuperação da economia brasileira, que reativa o consumo e as importações, pelas tensões comerciais entre países desenvolvidos, que reduz o comércio global, e pelo surto de coronavírus na China, o principal destino das nossas exportações.

Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, os analistas de mercado preveem superávit comercial de US$ 37,31 bilhões para este ano. O Ministério da Economia ainda não divulgou as estimativas para o saldo comercial em 2020.

*Com Agência Brasil

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