Banco Central revisa alta do PIB para 2021 e vê crescimento menor em 2022
Autoridade monetária projeta avanço de 4,7% neste ano com arrefecimento da pandemia e normalização da indústria; crise hídrica e trajetória fiscal são ‘riscos relevantes’
O Banco Central revisou para cima a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 para 4,7%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 30. Em junho, a expectativa apontava para avanço de 4,6%. Para o ano que vem, no entanto, o BC estima alta de 2,1%. A entidade justifica a revisão do desempenho de 2021 pelo resultado do PIB “ligeiramente acima do esperado” no segundo trimestre e “modesta redução da projeção do crescimento no terceiro trimestre”. Entre abril e junho, a economia doméstica retraiu 0,1%. Segundo a autoridade monetária, o arrefecimento da pandemia do novo coronavírus e o aumento dos níveis de confiança favoreceram a retomada do mercado de trabalho. “A normalização da cadeia de insumos industriais, mesmo que apenas gradual, também deve ter efeitos positivos sobre o crescimento. As perspectivas para agropecuária e indústria extrativa, em ambiente de preços internacionais de commodities ainda elevados, também são positivas”, informou. Apesar da visão mais otimista, o Banco Central cita o agravamento da crise hídrica — especialmente a possibilidade de apagões —, a evolução da pandemia do novo coronavírus e a piora da trajetória fiscal como “riscos relevantes” no radar.
O desempenho menor no ano que vem é reflexo da queda do ritmo o segundo semestre de 2021. “O hiato do produto em patamar menos negativo, que reduz o espaço para a recuperação cíclica, e o movimento de aperto monetário ora em curso, cujos efeitos ocorrem de maneira defasada, são fatores que contribuem para a desaceleração da taxa de crescimento”, informou a autoridade monetária. A previsão para o desempenho da economia doméstica em 2022 também apresenta “grau elevado de incertezas” baseado no arrefecimento da crise sanitária, a queda dos níveis de incerteza econômica, a manutenção do regime fiscal e a melhora do quadro energético. A autoridade também menciona entraves econômicos deste ano que devem se refletir em 2022. “No curto prazo, choques de oferta afetam negativamente atividade e consumo. Adicionalmente, o ciclo de aperto monetário, cujos efeitos devem ser sentidos principalmente em 2022, tende a diminuir o ritmo de fechamento do hiato.”
O Banco Central estima que não há mais possibilidade de a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar 2021 dentro da meta. A autoridade monetária estima que o IPCA acumule alta de 9,22% nos 12 meses encerrados em novembro. No acumulado de setembro, o IPCA foi a 10,05%. A autoridade persegue meta de 3,75%, com intervalo de 1,5 ponto para cima ou para baixo. “A pressão sobre os preços deve continuar se revelando intensa e disseminada. O choque sobre preços de bens industriais não deve se dissipar no curto prazo, como sugerem indicadores recentes de preços ao produtor e a continuidade dos gargalos nas cadeias de produção que afetam alguns segmentos”, informou o BC. “Ao mesmo tempo, os preços de serviços devem continuar em trajetória de normalização, em linha com a recuperação da demanda no setor. Assim, as medidas de inflação subjacente devem se manter em patamar elevado nesse horizonte.
Adicionalmente, também se espera alta significativa em preços de alimentos e preços administrados, destacando-se a forte alta nas tarifas de energia que decorre do acionamento da bandeira tarifária ‘escassez hídrica’.”
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