Bancos revisam projeções e volume de ofertas de ações pode chegar a R$ 50 bi

  • Por Estadão Conteúdo
  • 18/09/2017 13h25
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Cédulas de dinheiro. Foto: Marcos Santos/USP Imagens Marcos Santos/ USP Imagens Se confirmado significará o melhor ano para ofertas de ações no Brasil desde 2007, quando esse mercado movimentou R$ 70 bilhões

Os primeiros sinais de melhora da economia e o Ibovespa em constante escalada levaram os bancos de investimento a elevarem suas projeções para o volume de ofertas de ações neste ano. A fila de empresas para emitir ações vem crescendo dia a dia, com muitas querendo colocar ofertas bilionárias na rua ainda neste ano. Os números estão mais otimistas e sugerem que, em 2017, o volume movimentado pode chegar perto de R$ 50 bilhões, o que, se confirmado, significará o melhor ano para ofertas de ações no Brasil desde 2007, quando esse mercado movimentou R$ 70 bilhões. Isso, é claro, desconsiderando a mega-capitalização de R$ 120 bilhões da Petrobras em 2009, que distorce os números.

Até o momento, o giro das emissões de ações, incluindo as ofertas iniciais (IPO, na sigla em inglês) e as subsequentes (follow on) somam mais de R$ 26 bilhões.

Para setembro e outubro estão engatilhadas as aberturas de capital de Camil e Tivit, além do re-iPO de Vulcabrás e Eneva. Já o movimento de alta do Ibovespa incentivou ainda Magazine Luiza e Azul, a última já precificou semana passada, a lançarem suas ofertas subsequentes. Depois de passada essa janela, mais empresas são aguardadas para ofertas no final de ano, quando uma nova janela se abrirá. Esse volume pode crescer, assim, com as candidatas BR Distribuidora, Neoenergia, Burger King Brasil e Algar Telecom.

No Morgan Stanley, por exemplo, as projeções, que estavam até pouco tempo em R$ 40 bilhões, subiram para R$ 50 bilhões. “Existe uma percepção de governabilidade e, ainda, que o governo a ser eleito em 2018 será de centro”, destaca o responsável pelo banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema. Conta a favor, ainda, o cenário de queda de juros, inflação baixa, além, é claro, do excesso de liquidez global, o que vem beneficiando as captações das empresas brasileiras.

O movimento não foi diferente no Bank of America Merrill Lynch, que acaba de elevar sua estimativa de um intervalo de R$ 40 bilhões a R$ 45 bilhões também para R$ 50 bilhões em 2017. “O mercado está mais agitado e os diálogos com as empresas estão muito mais frequentes. As ofertas estão saindo da gaveta e voltando para a mesa”, afirma o responsável pelo banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, Hans Lin.

Com as ofertas que estão no pipeline, o diretor de renda variável do Bradesco BBI, Glenn Mallett, calcula que o volume já soma R$ 46 bilhões para este ano. “R$ 50 bilhões não é um exagero. Hoje há uma série de fatores que estão convergindo e mundialmente o mercado de capitais está robusto e forte. O mercado está muito líquido”, destaca.

“As projeções estão melhores e os investidores estão antecipando a melhora da economia. E o reflexo disso é percebido na Bolsa e nas ofertas, que são fruto da confiança na recuperação da economia”, afirma o responsável pela área do banco de investimento do Itaú BBA, Roderick Greenlees. Mais conservador, o Itaú BBA elevou sua projeção de R$ 35 bilhões para algo em torno de R$ 40 bilhões.

E não são apenas as empresas que estão motivadas a captar. O diretor da área de mercado de capitais do Credit Suisse, Marcelo Millen, destaca que o interesse nas emissões neste momento está sendo notado nas duas pontas: dos emissores e dos investidores. “O Brasil também descolou de outros emergentes, como também a Argentina”, destaca o executivo. O movimento de valorização das ações tende a atrair também, frisa, mais ofertas subsequentes. Essas operações podem se aproveitar da celeridade da modalidade de esforços restritos – onde as ações são oferecidas a um grupo pequeno de investidores, tendo como diferencial a rapidez de colocação -, o que é bem-vindo para evitar exposição à volatilidade.

Equilíbrio 

Roderick, do Itaú BBA, observa que os “livros” das ofertas mais recentes mostram presença equilibrada entre investidores nacionais e os internacionais. “No início do ano, a demanda era maior por parte dos brasileiros e nas últimas ofertas houve um equilíbrio, o que deve permanecer”, afirma o executivo. Uma boa notícia, diz, é a performance das ações das empresas que abriram capital. “Isso fez com que a experiência dos investidores que acreditaram no IPO fosse excelente”, afirma.

Zema, do Morgan Stanley, lembra que a América Latina segue muito beneficiada com a saída de capital dos Estados Unidos e que, nas ofertas de ações no Brasil, o apetite do estrangeiro deve seguir em alta.

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