‘Cartão de crédito faz uma função além do que deveria’, diz Campos Neto sobre rotativo
Presidente do Banco Central afirmou que solução para o problema de crédito no Brasil precisa considerar uma série de pontos para não gerar uma ruptura no mercado
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 22, que a solução para os problemas do crédito rotativo precisa considerar uma série de pontos para não gerar uma ruptura no mercado de crédito. Segundo o executivo, uma solução desorganizada pode gerar problemas para o consumo no país. Ele citou dados que mostram que os cartões de crédito representam 40% do consumo no Brasil, índice alto em relação a outros países. “Você pode concluir ou pelo menos especular que o cartão de crédito faz uma função além do que deveria”, afirmou. “A gente precisa achar uma solução que entenda que o parcelado sem juros é importante para o consumo brasileiro, não pode ter nenhuma ruptura”, disse, durante participação em evento do Santander em São Paulo. “Não tenho como dizer qual vai ser a solução, mas acho que a solução vai passar por esses pontos. Não fazer nada pode ser pior”, alertou.
Um dos pontos em discussão são eventuais restrições ao parcelamento sem juros, que, de acordo com os bancos, é subsidiado pelos juros cobrados no crédito rotativo. Campos Neto afirmou que a inadimplência acima de 50% no rotativo mostra que “há algo de errado” com essa linha de crédito. Ele ainda disse que é preciso considerar que a inadimplência vista no cartão de crédito nos últimos meses também é fruto da rápida expansão da oferta, puxada majoritariamente por novos players de mercado. “O negócio de crédito é um negócio de assimetria de informação. Isso fez com que alguns desses entrantes novos da operação de cartões tivessem inadimplência alta com juros altos”, afirmou o presidente do BC. Ainda de acordo com Campos Neto, o cartão de crédito representa 20% do crédito no país e, nesse produto, só um terço das operações têm cobrança de juros, seja no rotativo, seja no parcelado. Com isso, cerca de 15% do crédito no Brasil não tem a incidência de juros, comentou.
*Com informações da Agência Estado
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