Copom eleva taxa de juros em 0,5 ponto, a 13,25%, e prevê que aumento da Selic deve continuar

Comitê do Banco Central cita questões que aumentam a pressão inflacionária e impedem o fim do ciclo de altas

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2022 18h48 - Atualizado em 15/06/2022 19h43
WAGNER PIRES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Fontes do Banco Central renovam expectativa para o cenário econômico em 2021 Copom é o responsável por definir a taxa de juros paga pelo governo do Brasil para quem compra títulos da dívida

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou nesta quarta-feira, 15, a taxa de juros Selic em 0,5 ponto, para o patamar de 13,25% ao ano. O aumento corrobora o que era esperado por analistas do mercado e pelo próprio BC, que após a reunião anterior, havia previsto um aumento de menor magnitude — na ocasião, a taxa havia sido elevada em 1%, de 11,75% para 12,75%. Agora, o Copom prevê a continuidade do ciclo de 11 altas consecutivas que se estende desde março de 2021, devido a pressões na inflação que ainda continuam. Em maio, o índice de aumento de preços subiu 0,47%, uma desaceleração em relação ao 1,06% registrado em abril. Contudo, nos últimos 12 meses, o índice segue alto, em 11,73%, e o BC espere que acabe o ano em 8,5%.

Sobre a inflação, o BC avaliou pressões nos dois sentidos. Para causar tendência de alta, o cenário global, com a continuidade da guerra na Ucrânia, por exemplo, e incertezas sobre o futuro fiscal do Brasil; para a baixa, uma possível reversão no preço das commodities em real e uma desaceleração da atividade econômica maior que o esperado. “O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, escreveu o órgão em sua nota divulgada nesta quarta.

Para 2022, o centro da meta para a inflação é 3,5%, com variações admitidas de 1,5% para mais ou para menos; contudo, o BC já admite que não conseguirá alcançá-las, e foca nas metas para os próximos anos, de 3,25% em 2023 e 3% em 2024. “Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude. O Comitê nota que a crescente incerteza da atual conjuntura, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, explicou o BC. A votação desta quarta chegou a um resultado por unanimidade entre os dez membros do comitê.

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