Copom inicia primeira reunião de 2022 com expectativa de elevar Selic a 10,75% ao ano
Banco Central deve fazer novo acréscimo de 1,5 ponto percentual na taxa de juros em meio ao agravamento das expectativas para a inflação em 2022 e 2023
Começou nesta terça-feira, 1º, a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de 2022. O encontro vai se estender até esta quarta-feira, 2, com o resultado sendo divulgado após às 18h30. O consenso dos analistas é por uma nova alta de 1,5 ponto percentual na Selic, elevando a taxa básica de juros da economia brasileira para 10,75% ao ano. Caso se confirme, será a primeira vez que os juros rompem a barreira dos dois dígitos desde maio de 2017, quando a Selic foi rebaixada para 10,25% ao ano. O atual ciclo de aceleração dos juros iniciou em março do ano passado com a alta de 2% — o menor valor da história —, para 9,25% em dezembro. A oitava revisão para cima dos juros acompanha o galope da inflação, que ainda não deu sinais de trégua. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2021 a 10,06%, o maior registro em seis anos. Na prévia do mês de janeiro, o indicador desacelerou para 0,58%, ainda acima da previsão dos analistas. No acumulado de 12 meses, a prévia do IPCA foi de 10,2%.
O BC não indicou até quando vai o ciclo de alta. Para analistas, a autoridade monetária deve manter o ritmo de alta até maio, quando a Selic deve se estabilizar em 11,75%, conforme a projeção do Boletim Focus, divulgada nesta segunda-feira, 31, a pesquisa semanal do BC com mais de uma centena de bancos, casas de análise e outras instituições. Para 2023, os analistas estimam o início de uma nova temporada de corte nos juros, trazendo os juros para 8%, enquanto para 2024 a taxa deve ser reduzida para 7% ao ano. A constante revisão da expectativa para o IPCA, no entanto, pode fazer com que o mercado mude a projeção da Selic para acima de 12% ainda em 2022. O mercado passou a ver a inflação a 5,38%, ante 5,15% na semana passada. A revisão afasta o patamar da meta de 3,5% perseguida pelo BC, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2% e 5%. Caso se confirme, será o segundo ano seguido que o IPCA estoura o teto. Para 2023, a pesquisa do BC apontou para alta de 3,5%, contra a expectativa de 3,4% da semana passada. No ano que vem, a autoridade monetária deve perseguir a meta de 3,25%, com limites de 1,75% e 4,75%.
O principal remédio para trazer a inflação para baixo também desestimula as atividades ao “aumentar” o preço do dinheiro e desestimulando a tomada de crédito e investimentos. As recentes altas da Selic levaram a taxa para o nível contracionista, ou seja, quando o patamar dos juros prejudica o desenvolvimento da economia. Em dezembro do ano passado, associações do comércio e da indústria alertaram para os efeitos que a escalada da Selic vai ter sobre a retomada das atividades, principalmente na retração do consumo. A alta dos juros em 2021 levou a sucessivos cortes na expectativa para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e 2023. Analistas do mercado reduziram a expectativa de alta da economia para 0,3% em 2022. No fim de dezembro, a estimativa era de 0,36%. Já para 2023, a projeção foi cortada para 1,55%, ante 1,8% há quatro semanas.
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