Dia dos Pais: Apesar de retomada, 19% não devem comprar presentes
Vendas para o Dia dos Pais devem ser abaladas por receio dos consumidores frente à pandemia de Covid-19
Apesar da retomada gradual das atividades comerciais no país, as vendas para o Dia dos Pais sofrerão os impactos econômicos provocados pela pandemia do novo coronavírus, como aponta a pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (ALSHOP) entre os dias 27 de julho e 03 de agosto. De acordo com o levantamento, 19% dos consumidores não comprarão nenhum presente, enquanto os 81% que pretendem ir às compras devem gastar menos em comparação ao mesmo período do último ano. Em 2019, o valor médio destinado aos presentes era de R$ 160, neste ano, a maior parte dos consumidores pretende desembolsar entre R$ 51 e 100.
“O Dia dos Pais sempre foi uma ótima data para as vendas. O comércio investia em propagandas, atrações e sorteios com o objetivo de aumentar os lucros, mas com o isolamento social já era esperada a queda, tendo em vista a diminuição nas vendas em outras datas importantes, como o Dia das Mães, a Páscoa e até mesmo Dia dos Namorados. Na realidade, mesmo após quatro meses do anúncio da quarentena, ainda vivemos seu impacto econômico”, explica a economista doméstica e consultora financeira Daniela Godinho.
Felipe Azambuja, diretor de e-commerce da Side Walk, afirma que os prejuízos já são sentidos no cotidiano dos lojistas. “O fluxo de pessoas nos comércios ainda está muito baixo. Estamos enfrentando uma queda de, pelo menos, 60% das vendas nas lojas físicas. O período escolhido para a abertura das unidades nos shoppings é péssimo porque exclui o horário de almoço, pico de movimento”, opina.
Entre os lojistas, 80% preveem diminuição nas vendas para o Dia dos Pais, segundo pesquisa realizada pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo. Godinho ressalta que os empresários estão procurando saídas criativas para manter ativos seus negócios, como prolongar as liquidações e apostar nos formatos digitais. Os dados levantados pela ALSHOP indicam que, de fato, a melhor solução para escapar do vermelho neste período de festividade está no investimento em plataformas online uma vez que 46% dos consumidores devem realizar suas compras por meio de aplicativos e e-commerce, ao passo em que 19% preferem lojas de shopping e 12% procurarão os comércios de rua.
“Não há dúvidas de que todas as empresas precisaram se reinventar durante a pandemia. Optamos pelos meios digitais para driblar os resultados negativos. Focamos bastante no e-commerce, nas vendas por WhatsApp e Instagram e até criamos o SideBag, uma Ecobag cheia de roupas selecionadas de acordo com o perfil de cada cliente”, diz Azambuja. O diretor enfatiza a necessidade de manter a conexão com o público mesmo à distância. “É preciso se aproximar e falar diretamente com o cliente que está dentro de casa, que parou de frequentar as lojas por receio. Para isso, a criação de conteúdo nas redes sociais é fundamental. Inclusive, fizemos uma live especial de Dia dos Pais para impulsionar as vendas.”
No entanto, mesmo com as inovações, os riscos de déficit para o setor permanecem elevados. “Caso as vendas não decolem, poderemos ter consequências que impactam diretamente no crescimento econômico e na empregabilidade. No início do ano, as expectativas para o setor varejista prometiam expansão, mas os prejuízos registrados durante a pandemia representam um desafio histórico a ser superado – e ainda é difícil calcular quando o comércio voltará a aquecer”, conclui a economista.
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