Dólar flerta com os R$ 6,00, mas fecha em queda, a R$ 5,82

  • Por Jovem Pan
  • 14/05/2020 18h43
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Adriana Toffetti/Estadão Conteúdo Mão segura notas de dólar Brasil e os Estados Unidos firmaram acordo e prometeram reduzir barreiras não tarifárias no comércio bilateral

A sessão de negócios no mercado de câmbio desta quinta-feira (14) foi marcada pela alta volatilidade. O dia teve início com a escalada do dólar em direção à marca histórica dos R$ 6,00 em um movimento onde estavam impressos fatores externos, mas principalmente domésticos, estes, ligados ao cenário político e à possibilidade de desarranjo das contas públicas no pós-pandemia.

A cotação da divisa americana frente ao real oscilou entre R$ 5,9718, na máxima, e R$ 5,8098, na mínima entrada, para encerrar as negociações a R$ 5,8193 (-1,38%), em meio à reaproximação do presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nesta quinta, o Banco Central fez duas operações para injetar novos recursos no mercado de câmbio e tentar modular o ritmo de alta do dólar. Na primeira, vendeu 17.800 contratos de swap cambial (US$ 890,0 milhões), e, à tarde, colocou US$ 520,0 milhões em leilão à vista de dólares.

Ainda assim, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, ressalta que o cenário atual reflete muito mais fatores jogando mais contra a moeda brasileira do que a favor. Antes mesmo da crise que estamos vivendo, diz, já vinha ficando claro que as medidas que serviriam como base para a retomada mais forte do crescimento iam demorar mais. “Aí veio a pandemia, o desarranjo político entre os Poderes e agora o temor de que, em meio à falta de crescimento, volte o problema fiscal, que parecia ter sido encaminhado no ano passado com a reforma da Previdência”, ressalta.

Nesta quinta, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, ressaltou que o déficit público neste ano pode chegar a R$ 700 bilhões (9% do PIB), mas afirmou que a preocupação em 2020 não é com ajuste fiscal, mas com as pessoas. “O importante é que os investidores confiem na capacidade do País em pagar a dívida”, completou.

É em um contexto com dúvidas sobre a capacidade do governo, segue Cruz, que os investidores estrangeiros olham o Brasil como um lugar mais desinteressante para aportes. “Não há algo que possa olhar para a semana que vem ou até para o fim do ano que seja bom. A agenda está totalmente escanteada.”

Do ponto de vista do Produto Interno Bruto (PIB), a cada dia, as instituições alargam ainda mais o potencial de queda da atividade, o que também afasta os investidores. Hoje o banco HSBC revisou a projeção e espera contração de 7,3% em 2020 ante queda de 2,7% da estimativa anterior. Também o Asa Bank projeta recuo de 6,7% no PIB.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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