Dólar cai para menos de R$ 5,30 com alívio global; Bolsa volta aos 110 mil pontos

Mercados arrefecem temor de recessão com crise da Evergrande; PEC dos Precatórios e mudanças na política monetária no Brasil e nos EUA também estão no radar

  • Por Jovem Pan
  • 21/09/2021 17h52
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Agência Brasil Imagem desfocada de duas notas de US$ 100 Dólar recua em meio ao alívio dos investidores com o risco de crise gerada pela empreiteira chinesa Evergrande

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam esta terça-feira, 21, no campo positivo com o arrefecimento do temor global pelo risco de calote da gigante imobiliária chinesa Evergrande. A empreiteira abalou os negócios em todo o mundo na véspera ao anunciar que não teria como honrar com uma série de dívidas, o que poderia causar um efeito dominó de escala mundial. O dólar encerrou o dia com queda de 0,84%, cotado a R$ 5,286. A divisa chegou a bater a máxima de R$ 5,337, enquanto a mínima não passou de R$ 5,263. A moeda norte-americana encerrou a véspera com alta de 0,93%, a R$ 5,331. Seguindo a recuperação global, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou com avanço de 1,3%, aos 110.249 pontos. O índice despencou 2,33% com o pânico nos mercados mundiais e fechou a segunda-feira, 20, aos 108.843 pontos — o pior patamar desde novembro de 2020.

Investidores em todo o mundo aguardam por uma posição do governo chinês diante do risco de calote da Evergrande. Por ora, as autoridades de Pequim não se manifestaram sobre possíveis ações para minimizar os efeitos na economia. “O que vemos é muito mais o governo dando uma lição destacando que a Evergrande precisa ser responsável pelas próprias dívidas. Pode ser que mais a frente, no momento que ‘o calo apertar’, o governo se posicione de alguma forma já que a relevância da empresa para o país e para economia global é grande”, afirmou a especialista em ações da Clear Corretora, Pietra Guerra. Mais cedo, o CEO da construtora tentou tranquilizar os trabalhadores afirmando que a situação será revertida.

O bom humor dos investidores foi impulsionado pelas declarações dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de que a solução para o problema dos precatórios respeitará o teto de gastos. Os presidentes do Legislativo se reuniram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para debater uma saída ao pagamento de R$ 89,1 bilhões de dívidas da União previstas para 2022. Lira anunciou nesta terça-feira a criação da comissão especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O texto que visa alterar as regras de pagamentos foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara na semana passada. O relator e o presidente da comissão deverão ser anunciados nesta quarta-feira, 22.  O presidente do Senado pontuou que uma solução para a questão passa pela criação de um limite de pagamentos, com base no valor quitado em precatórios em 2016, quando a regra do teto de gastos foi instituída. O valor limite seria de aproximadamente R$ 40 bilhões. O excedente poderá ser transferido para 2023.

Os mercados também foram impactados pela expectativa de mudanças nas políticas monetárias no Brasil e nos Estados Unidos. Nesta quarta-feira, o Banco Central norte-americano (Fed, na sigla em inglês), deve anunciar reduções na estratégia de estímulo econômico em meio ao processo de recuperação da economia local. Já o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve acrescentar 1 ponto percentual na Selic, elevando a taxa de juros para 6,25% ao ano. O aumento da mesma magnitude da reunião realizada em agosto é esperado pelo mercado financeiro após o presidente da autoridade monetária nacional, Roberto Campos Neto, afirmar na última terça-feira, 14, que o BC vai levar a Selic para onde for necessário para cumprir a meta da inflação, mas que o “plano de voo” não será alterado a cada nova divulgação de dados econômicos de alta frequência. Em 2021, o BC persegue a meta inflacionária de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. A inflação foi a 0,87% em agosto — o maior salto em 21 anos —, e acumulou alta de 9,68% nos últimos 12 meses.

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