Dólar e Ibovespa sobem com inflação nos EUA e reforma tributária no radar
Índice de preços norte-americano avança 5,4% em junho, o maior salto anual em 13 anos; no cenário doméstico, relator aumenta isenção do IR para empresas e retira taxação de fundos imobiliários
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam em alta nesta terça-feira, 13, com o avanço acima do esperado da inflação nos Estados Unidos. Na pauta doméstica, as atenções se voltaram para as mudanças no texto da reforma tributária no Congresso. O dólar ganhou força momentos antes do fim das negociações e fechou com alta de 0,13%, cotado a R$ 5,181. A divisa norte-americana abriu em alta e chegou a bater R$ 5,233 na máxima. O sinal inverteu no começo da tarde após a divulgação de novas propostas para o Imposto de Renda e chegou a atingir a mínima de R$ 5,149. A divisa fechou na véspera com recuo de 1,25%, cotada a R$ 5,174. Ignorando o mau humor internacional, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou com alta de 0,45%, aos 128.167 pontos. O pregão desta segunda-feira, 12, encerrou com avanço de 1,73%, aos 127.593 pontos.
Mercados em todo o mundo reagiram ao avanço de 5,4% da inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em junho, na comparação com o mesmo mês em 2020, segundo dados do Departamento do Trabalho dos EUA. Analistas estimavam aumento de 5%. O salto é o maior desde agosto de 2008. Retirando a influência da variação de alimentos e energia, o CPI aumentou 4,5%, o maior avanço anual desde setembro de 1991. As estimativas apontavam para crescimento de 3,8%. “Esse aumento acentuado da inflação vem da reabertura econômica do choque pós pandêmico. Em junho de 2020 foi um momento muito grave da crise do coronavírus em que os preços estavam mais baixos, até para tentar puxar a atividade econômica. E ao longo de 2021, com a reabertura da economia, os preços foram subindo. Isso caracterizou um choque inflacionário”, afirma Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora.
Na pauta doméstica, o destaque ficou pelas mudanças na reforma tributária propostas pelo relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA). O parlamentar indicou elevar o corte do Imposto de Renda para Pessoas Jurídicas em 12,5% até 2023, reduzindo a alíquota dos atuais 15% para 2,5%. No projeto original, o Ministério da Economia propôs dois cortes seguidos de 2,5 pontos percentuais em 2022 e 2023. O texto mantém a cobrança adicional de 10% para empresas que ganham mais de R$ 20 mil por mês e não altera a taxação adicional de 9% sobre Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). No sistema atual, a tributação acumulada chega a 34% para grandes empresas. Com a mudança, a tributação cairia para 12,5% de Imposto de Renda, mais 9% da CSLL, totalizando 21,5%. Para empresas com menos de R$ 20 mil de renda mensal, a medida reduzirá a taxação de 24% para 11,5% em 2023.
O relatório apresentado mantém a taxação de 20% sobre lucros e dividendos, conforme proposto pela equipe econômica. A medida foi alvo de críticas de economistas e empresários, que afirmam que vai impactar no aumento dos tributos, de acordo com o projeto original de redução menor do IRPJ. Membros da própria equipe econômica apontaram erros na taxação e chegaram a propor que a alíquota fosse de 15%. O deputado também retirou a taxação de 15% em cima dos Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs) proposta pelo governo federal. O relatório manteve a expansão da base de isenção do Imposto de Renda para Pessoas Físicas (IRPF) para salários até R$ 2,5 mil, conforme o Ministério da Economia havia indicado. A alíquota será de 7,5% para rendimentos até R$ 3,2 mil, 15% para R$ 4,25 mil, 22,5% para R$ 5,3 mil e 27,5% para salários acima de R$ 5,3 mil.
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