Dólar passa de R$ 5,40 com pessimismo internacional e risco fiscal; Bolsa cai 2%

Humor do mercado é pressionado por sinalização de corte de estímulos monetários nos EUA e temor de descontrole dos gastos públicos no Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 28/09/2021 12h55
Mohamed Abd El Ghany/Reuters Homem mexe em calculadora; ao seu lado há uma pilha de dólares Dólar mantém trajetória de queda e caminha para o sétimo dia seguido de desvalorização ante o real

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam no campo negativo nesta terça-feira, 28, com o clima negativo no cenário global e a volta dos riscos fiscais no país. Por volta das 12h50, o dólar registrava alta de 1,11%, cotado a R$ 5,438. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,443, enquanto a mínima não passou de R$ 5,389. No pico, a cotação atingiu o maior valor desde 21 de abril, quando foi a R$ 5,445. A divisa norte-americana fechou a véspera com alta de 0,65%, a R$ 5,378. Seguindo o pessimismo nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, afundava 2,14%, aos 111.201 pontos. O pregão desta segunda-feira, 27, encerrou com alta de 0,3%, aos 113.583 pontos.

No cenário internacional, o dólar mantém vantagem diante das moedas emergentes com a alta nas expectativas dos juros nos Estados Unidos. O movimento segue o avanço da inflação e as sinalizações do Banco Central dos EUA (Fed, na sigla em inglês) para a antecipação do corte de estímulos monetários com a elevação dos juros, atualmente em níveis mínimos, e a redução da compra de US$ 120 bilhões mensais em títulos públicos. “Esse aumento da expectativa de juros pesa principalmente as ações de tecnologia, estamos vendo movimento de venda generalizado no setor de tecnologia, trazendo uma tendência negativa para a Bolsa”, afirma a especialista em ações da Clear Corretora, Pietra Guerra.

Na pauta doméstica, o humor dos investidores é pressionado pela volta do risco fiscal e os impactos na trajetória da dívida pública do país. Na ata da reunião que elevou a Selic para 6,25% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que o aumento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o medidor oficial da inflação brasileira, é pressionado pelos gastos do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. “Apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.” Na véspera, a Câmara dos Deputados e o Senado aprovaram um projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 e permite a destinação de recursos para o Auxílio Brasil. O texto é um substitutivo do deputado Juscelino Filho (DEM-MA) ao PLN 12/21, do Poder Executivo. O texto autoriza o uso de propostas legislativas que ainda estão em tramitação como forma de compensação ou aumento de despesa obrigatória para programas de transferência de renda, como é o caso do Auxílio. Com isso, o governo pretende usar a arrecadação que será trazida pela reforma do Imposto de Renda para bancar o programa.

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