Dólar recua 1,4% com retirada de estímulos monetários nos EUA e Copom; Bolsa sobe
Fed anunciou o corte gradual da compra de títulos públicos, mas manteve os juros em patamares mínimos
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam esta quarta-feira, 3, no campo positivo após o Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês) — o Banco Central dos Estados Unidos — anunciar a retirada gradual da compra de títulos públicos, e que manter os juros em níveis mínimos. Na pauta doméstica, os investidores analisaram a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que revelou que o colegiado do BC cogitou aumentar os juros acima do acréscimo de 1,5 ponto percentual aplicado na semana passada. O dólar encerrou com forte queda de 1,42%, cotado a R$ 5,590. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,699, enquanto a mínima não passou de R$ 5,578. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, encerrou o pregão praticamente estável, com leve alta de 0,06%, aos 105.616 pontos.
O Fed anunciou a redução de estímulos à economia por meio da compra de títulos públicos. A partir do fim de novembro, a autoridade monetária irá cortar US$ 15 bilhões da aquisição mensal, passando de US$ 120 bilhões para US$ 105 bilhões mensais. O Fed indicou que deve fazer uma nova redução de US$ 15 bilhões em dezembro, passando a compra para US$ 90 bilhões. A despeito do corte nos estímulos, o Fed não alterou os juros, mantendo a taxa em níveis mínimos entre 0% e 0,25%, e afirmou que “espera que seja apropriado manter essa faixa-alvo até que as condições do mercado de trabalho tenham alcançado níveis consistentes com os do Comitê”. A redução dos estímulos monetários já era aguardada pelo mercado em meio ao avanço da inflação doméstica aos maiores índices das últimas décadas. No acumulado de 12 meses, a inflação ao consumidor foi a 5,4% em setembro, puxada principalmente pelo encarecimento dos alimentos e dos combustíveis.
Ainda na pauta de juros, mas da realidade brasileira, o Copom cogitou um aumento maior do que o de 1,5 ponto percentual aplicado na semana passada, que elevou a Selic a 7,75% ao ano. Em ata divulgada nesta manhã, a autoridade monetária confirmou que deve fazer novo ajuste de mesma magnitude no encontro de dezembro, o último de 2021, elevando a taxa básica de juros a 9,25% ao ano. A alta de 1,5 ponto percentual veio em linha ao esperado pelo mercado financeiro após o agravamento do risco de irresponsabilidade dos gastos públicos com a tratativa do governo federal e do Congresso em mudar as regras do teto de gastos, a principal âncora fiscal da economia brasileira. O movimento teve forte reação negativa no mercado financeiro, que levou o dólar para os patamares mais elevados em seis meses, enquanto o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, reduziu para a pior pontuação em quase um ano. O colegiado observou que “recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação”, e isso pode levar à “cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas”.
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