Dólar sobe e fecha o dia cotado a R$ 5,36

Com a agenda local esvaziada, o real foi a moeda com pior desempenho ante o dólar em uma cesta de 34 moedas

  • Por Jovem Pan
  • 08/09/2020 18h55
ROBERTO GARDINALLI/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Mão segura notas de US$ 100 e R$ 100 O dólar subiu nesta terça-feira (8)

O dólar reduziu o ritmo de valorização ante o real nos negócios da tarde, refletindo no mercado doméstico perda de força no exterior. Nesta terça-feira (8), a moeda americana fechou o dia cotada a R$ 5,3650, com valorização de 1,77%.  O peso determinante para os ativos brasileiros foi o mercado internacional, com novo dia de fuga de ativos de risco e correção nas bolsas americanas, contando nesta tarde também com forte queda do petróleo, que superou os 8%. Com a agenda local esvaziada, o real foi a moeda com pior desempenho ante o dólar em uma cesta de 34 moedas, segundo operadores, ainda refletindo o risco de descontrole fiscal do Brasil.

O diretor de moedas em Nova York da gestora BK Asset Management, Boris Schlossberg, observa que a piora da tensão entre Estados Unidos e China provocou forte movimento de aversão ao risco nesta terça, fortalecendo o dólar de forma generalizada. A deterioração da já complicada relação entre as duas maiores economias do mundo veio após Donald Trump sugerir no domingo (6) que o país não faça mais negócios com Pequim, em suas próprias palavras, um “descolamento”. A leitura dos investidores, ressalta Schlossberg, é que o setor de tecnologia seria o mais afetado no cenário traçado por Trump. Por isso, as gigantes do setor, que dispararam nas últimas semanas, lideraram as quedas nesta terça. Para ajudar a fortalecer o dólar, o executivo observa que a libra teve novo dia de enfraquecimento, após as ameaças do primeiro-ministro Boris Johnson de deixar as negociações do Brexit. Com a agenda esvaziada de indicadores e eventos mais fraca nos EUA nos próximos dias, ele avalia que o dólar deve seguir influenciado por declarações políticas e eventualmente alguma notícia sobre a Covid-19.

Sobre a questão fiscal do Brasil, os analistas da agência de classificação de risco Moody’s elogiaram as políticas do governo para enfrentar os efeitos econômicos da pandemia, mas disseram que o custo fiscal foi mais alto que o esperado, com piora sem precedentes dos indicadores. A agência alertou que a dinâmica política traz riscos ao ajuste fiscal e as reformas para estimular o crescimento econômico, podendo ter peso negativo no rating soberano do País. Já a Fitch Ratings prevê que o dólar vai continuar acima de R$ 5 ao menos até o final do ano que vem, com R$ 5,30 em dezembro agora e R$ 5,00 no fim de 2021. A agência comentou que o Banco Central injetou US$ 20 bilhões somente no mercado à vista para conter a sangria do real. Ao mesmo tempo, alguns indicadores da atividade têm surpreendido positivamente e a previsão de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi revisto de queda de 7% para baixa de 5,8%.

*Com Estadão Conteúdo

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