Dólar vai a R$ 5,80 com Covid-19, risco fiscal e crise no Itamaraty; Bolsa oscila
Humor do mercado é pressionado com abertura de nova crise política após pressão de parlamentares para a saída de Ernesto Araújo do governo
O mercado financeiro opera nesta segunda-feira, 29, com as atenções voltadas para Brasília com a crescente pressão para a saída de Ernesto Araújo do Itamaraty após confronto com a senadora Kátia Abreu (PP-TO) na tarde deste domingo, 28. O humor dos investidores também é pressionado por dúvidas na eficiência do Orçamento de 2021 aprovado na semana passada e a piora da pandemia da Covid-19 no país. Próximo ao meio-dia, o dólar avançava 1,01%, a R$ 5,801 após bater máxima de R$ 5,806 e mínima de R$ 5,755. A moeda norte-americana encerrou a semana passada com alta de 1,24%, a R$ 5,741. O cenário faz o Ibovespa, referência da B3, oscilar para o campo negativo, com queda de 0,41%, aos 114.391 pontos, após operar em alta durante a manhã.
A pressão de congressistas para a destituição de Araújo do Ministério das Relações Exteriores se acentuou neste fim de semana após o embate público com Kátia Abreu. O chanceler insinuou que o movimento dos parlamentares para a sua saída estava relacionado a interesses de senadores na licitação da tecnologia 5G, que deve ocorrer neste ano. Em um série de dois tuítes, o chanceler relatou uma reunião com a senadora, atual presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Casa, na qual ela teria pedido um “gesto em relação ao 5G”. Em resposta, a parlamentar afirmou que o chanceler, a quem chamou de “marginal”, resumiu “três horas de um encontro institucional a um tuíte que falta com a verdade.”
Os investidores também repercutem a aprovação do Orçamento de 2021 pelo Congresso na semana passada com previsão de gastos de até R$ 40 bilhões com despesas obrigatórias, incluindo os pagamentos da Previdência Social e folha salarial dos servidores. O entendimento do mercado é que o valor está abaixo do real, o que pode levar a paralisação da máquina pública. Ao mesmo tempo, os Congressistas aprovaram o aumento de R$ 26 bilhões para emendas parlamentares. O recrudescimento da pandemia do novo coronavírus também se mantém no radar do mercado. O país registrou 1.656 mortes nas últimas 24, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) deste domingo, 28. O dado é considerado alto para um domingo, dia da semana em que os números costumam ser menores por causa das subnotificações. Desta forma, o país, em meio ao pior momento da pandemia, chega ao montante de 312.206 óbitos.
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