Frutas, verduras e combustíveis puxam a inflação de novembro; veja os itens que mais subiram

Variação de preços registra alta de 0,95% no mês, a maior para o período desde 2015

  • Por Jovem Pan
  • 10/12/2021 11h07 - Atualizado em 10/12/2021 16h22
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Lucas Prates/Hoje em Dia/Estadão Conteúdo Entrada de mercearia com produtos e cartazes de preços Itens do agro e combustíveis lideram a variação de preços em novembro

Os produtos do campo, principalmente as frutas e verduras, e os ligados ao transporte, como combustíveis e os aplicativos, lideraram a alta de 0,95% da inflação de novembro, a maior para o mês desde 2015. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) perdeu fôlego ante a alta de 1,25% em outubro, mas se manteve em aceleração no acumulado de 12 meses. Desde novembro do ano passado, a variação de preços registrou alta de 10,74%, acima dos 10,67% do período encerrado em outubro. Este é o resultado mais expressivo desde novembro de 2003, ou seja, em 18 anos, quando o indicador foi a 11,02%. O destaque dos itens agrícolas e dos combustíveis na ponta de cima é explicado pela variação do dólar ante o real, o encarecimento de commodities e a crise hídrica enfrentada pelo país nos últimos meses, a mais severa em quase um século. Dos dez itens que mais subiram em novembro, seis estão ligados aos alimentos, e quatro fazem parte do guarda-chuva dos transportes. A carestia do mês é liderada pelo encarecimento de 16,34% da cebola, seguida pela alta de 13,22% da banana-maçã e 11,25% da laranja-baía. O etanol (10,53%) aparece na sequência, com a laranja-lima (9,63%) e a batata-doce (7,81%) logo atrás. O óleo diesel (7,48%) está na sétima posição, seguido pela gasolina (7,38%), café moído (6,87%) e os transportes por aplicativo (6,77%).

Tabela com os 15 itens que mais subiram na inflação de novembro

Os preços dos produtos do campo são impactados principalmente pelas questões climáticas, que também fizeram o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio despencar 8% no terceiro trimestre de 2021 em comparação com os três meses anteriores, e foi fundamental para recuo de 0,1% da economia brasileira como um todo no período. O resultado foi o pior para os três meses encerrados em setembro desde o início da série histórica, e o mais baixo para a agricultura desde o primeiro trimestre de 2012, quando o setor desabou 16,6%. O clima também influencia diretamente no encarecimento do etanol, produzido com a cana-de-açúcar. Os outros combustíveis são impactados pela valorização do dólar ante o real e a manutenção do barril de petróleo em patamares elevados no mercado internacional.

A aceleração da inflação em 2021 é puxada principalmente pela variação de preços administrados, como a energia elétrica e os combustíveis, fenômeno também observado em outras partes do mundo em meio ao processo de recuperação da economia global pós-crise da Covid-19. O mercado financeiro projeta que o IPCA encerre o ano em 10,18%, segundo previsão do Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 6. O índice é praticamente o dobro do teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC) neste ano, de 5,25%, com centro de 3,75% e piso de 2,25%. A perseverança e força do indicador contaminou as expectativas para 2022. Para o ano que vem, analistas do mercado financeiro esperam que o IPCA vá a 5,02%, também acima do teto da meta de 5%, com centro de 3,50% e piso de 2%.

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