Guedes diz que Brasil vai crescer ‘de qualquer jeito’ e chama descontrole fiscal de ‘conversa fiada’
Ministro da Economia admite que alta do PIB em 2022 pode ser prejudicada pelo avanço da inflação e diz que estatais estão sendo preparadas para a privatização
Ministro da Economia, Paulo Guedes afirmou nesta quinta-feira, 2, que o crescimento da economia brasileira está contratado diante do aumento de investimentos no país, mas que o ritmo pode ser prejudicado pela alta da inflação. Em um evento do setor aeroportuário, o chefe da equipe econômica comemorou a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios pelo Senado e classificou como “conversa fiada” e “fake news” as críticas de que o governo federal perdeu o controle dos gastos públicos. “O Brasil está condenado a crescer, ele vai crescer de qualquer jeito. A pergunta é se vai ser um pouco mais ou um pouco menos. Isso vai depender justamente como a gente vai combater essa inflação”, disse. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil retraiu 0,1% no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período imediatamente anterior, o segundo registro de queda seguido após o recuo de 0,3% entre abril e junho. O desempenho reforçou as análises de estagnação da economia a partir do segundo trimestre. “O crescimento está contratado, essa conversa de que o Brasil não vai crescer é conversa de maluco”, rebateu Guedes.
O ministro minimizou o resultado afirmando que o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, avançava 3% durante a tarde. Guedes também creditou o bom desempenho do mercado financeiro brasileiro à aprovação da PEC dos Precatórios pelos senadores na tarde desta terça-feira. O ministro contestou as críticas de que o apoio do governo à medida que autoriza o governo a adiar o pagamento de dívidas já reconhecidas pela Justiça e muda o cálculo da inflação no teto de gastos representa um risco para as contas públicas. “Tem toda uma conversa fiada de que o Brasil perdeu o controle sobre o fiscal, é uma narrativa política, fake news. As verdades fiscais estão lá registradas”, disse. “A narrativa correta é a seguinte: queremos os precatórios também embaixo do teto.”
Ao falar com os empresários do setor aeroportuário, Guedes voltou a criticar a manutenção de estatais pelo governo brasileiro e disse que as empresas públicas estão sendo “transformadas” para serem vendidas. Segundo o ministro, em 2015, as companhias tinham déficit de R$ 35 bilhões ao ano, e somente neste ano, registraram lucro de R$ 135 bilhões. “Vamos gerir estatais? Não. Estamos preparando as estatais para a privatização. Elas estão sendo modernizadas, transformadas do ponto de vista de governança para melhorarem e serem privatizadas”, afirmou. O ministro, no entanto, reclamou da lentidão do processo ao citar o exemplo dos Correios. “Ele não tinha dinheiro para investir, estava quebrado até ontem. Nós melhoramos um pouquinho, reduzimos a corrupção, mas ele não tem velocidade para acompanhar o ritmo, precisa ser ajudado.”
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