Guedes diz que PIB ‘andou de lado’ e que o período foi o mais trágico da pandemia
Ministro da Economia volta afirmar que país está crescendo em ‘V’ e diz que recuperação ‘depende de nós’
Ministro da Economia, Paulo Guedes relativizou nesta quarta-feira, 1º, a queda de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. Apesar de afirmar que o indicador “andou de lado”, o chefe da equipe econômica voltou a falar que o país está crescendo em “V” — quando a retração é seguida pela rápida recuperação. “A economia voltou em ‘V’, estamos crescendo novamente. Hoje saiu um dado, é praticamente de lado. Como foi -0,05%, arredondou para -0,1%. Se fosse -0,04%, era zero”, disse. Segundo o ministro, o segundo trimestre foi o momento mais crítico da crise gerada pelo novo coronavírus pelo aumento do número de casos e de óbitos. “Foi o trimestre mais trágico, quando a pandemia abateu mais brasileiros, foi abril, maio e junho deste ano, com a segunda onda. Foi justamente quando entrou de novo o auxílio emergencial, a expansão dos programas de assistência. Nós mantivemos a responsabilidade fiscal de um lado e o compromisso da saúde dos brasileiros de outro lado.”
Em participação em um almoço da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, Guedes disse que o nível de crescimento da economia “depende de nós”, mas evitou fazer projeções para 2022. “Podemos crescer bastante no ano que vem. O Brasil vai crescer no ano que vem, a questão é quanto. Se vai ser 3%, 2%, ou 4%, depende de nós”, afirmou. O governo federal projeta alta de 5,3% do PIB em 2021, e de 2,5% em 2022, segundo o planejamento do Orçamento do ano que vem encaminhado ao Congresso nesta terça-feira, 31. O valor está abaixo da previsão do mercado financeiro, que revisou o avanço da economia para 5,22% neste ano, ante 5,3% há três semanas, segundo dados do Boletim Focus. Para 2022, a expectativa foi mantida em 2%. Para analistas, o resultado divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve deflagrar uma onda de revisões das expectativas para baixo. “Hoje saiu o número do PIB, que veio um pouco mais fraco do que o mercado esperava, a gente provavelmente deve ter uma revisão um pouquinho para baixo no ano corrente”, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência na Câmara.
O resultado do segundo trimestre evidencia a perda de fôlego da atividade econômica após alta de 1,2% entre janeiro e março. Em paralelo ao mesmo período de 2020, a economia avançou 12,4%. Em valores correntes, o PIB, que é a soma dos bens e serviços produzidos no Brasil, chegou a R$ 2,1 trilhões. Este foi o primeiro resultado negativo na comparação com o trimestre imediatamente anterior após três avanços seguidos e a segunda alta em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Com esse desempenho, a economia brasileira cresceu 6,4% no primeiro semestre. O setor de serviços — o mais impactado pelas medidas de isolamento social, registrou alta de 0,7%. O agronegócio recuou 2,8% na comparação com o trimestre anterior, enquanto a atividade da indústria teve queda de 0,2%.
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