Guerra política perturba o andamento da economia o tempo inteiro, afirma Guedes

Em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, ministro diz que reeleição foi o maior erro cometido no país

  • Por Jovem Pan
  • 15/09/2021 20h47 - Atualizado em 15/09/2021 21h14
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JOAO GABRIEL ALVES/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO Ministro da Economia, Paulo Guedes Ministro Paulo Guedes voltou a criticar movimentos por reajustes salariais

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira, 15, que as tensões políticas atrapalham o andamento da economia brasileira. Segundo o chefe da equipe econômica, o país passa pelo pior momento da inflação, pressionado por um dólar elevado, que não alivia por conta do “barulho” em Brasília e reflete no aumento do preço dos alimentos. “O que temos que fazer agora é reduzir algumas alíquotas de importação [de alimentos], conseguir alguma tranquilidade no front político para o dólar descer”, afirmou em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan. “O dólar deveria estar se acalmando. Essa narrativa política, essa guerra política, perturba o tempo inteiro o andamento da economia.” Este foi o segundo dia seguido que o ministro citou a recente escalada dos atritos entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e membros de outros Poderes na cotação do câmbio. Nesta terça-feira, 14, o ministro afirmou que o dólar deveria estar cotado entre R$ 3,80 e R$ 4,20 diante do aumento de investimentos internacionais no país e consolidação da política fiscal. A moeda norte-americana encerrou esta quarta com queda de 0,38%, cotada a R$ 5,23.

O chefe da equipe econômica voltou a classificar a democracia brasileira como “barulhenta”, mas que os excessos ocorrem de todos os lados. “Alguns atores, às vezes, se excedem no calor do momento. Aí você xinga o Poder que você precisa e depende no dia seguinte para aprovar uma reforma”, afirmou. Segundo Guedes, a Carta à Nação divulgada por Bolsonaro após o aumento das tensões no início da semana passada foi um meio para falar que havia se excedido. “O presidente, no dia seguinte reconheceu e falou ‘olha, não quero ameaçar a democracia, não estou ameaçando nenhum Poder, preciso da cooperação'”, disse.

O chefe da equipe econômica afirmou que a alta da inflação é o novo “eixo” de críticas dos opositores do governo. “A narrativa agora é que a inflação subiu. Não. O Brasil voltou do fundo do poço, e agora que a economia está voltando rápido, a inflação também subiu, porque a comida subiu no mundo inteiro”, disse o ministro. Guedes evitou fazer projeções para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, mas afirmou que o país não vai manter o ritmo de crescimento na casa de 5% estimado para este ano. “A realidade é hoje o Brasil é um país que está tentando justamente sustentar uma taxa de crescimento sustentável. É claro que não vai ser de 5,5%, essa foi uma velocidade de escape do buraco negro”, afirmou. “Da mesma forma que subiram em cadáveres para fazer política, vão derrubar a economia para fazer política”, disse o chefe da equipe econômica.

Guedes também afirmou que a reeleição editada no governo de Fernando Henrique Cardoso foi “o maior erro político que já aconteceu no país”. “Fica quase uma fixação de reeleição o tempo inteiro”, afirmou. O ministro ainda disse que subestimou as dificuldades encontradas para fazer cumprir a sua agenda econômica e que alguns apoiadores ficaram desiludidos. “Quando se tem dois vetores, um conservadorismo nos costumes e liberal na economia, tinha que ter uma resultando. Talvez subestimamos a dificuldades de fazer mudanças no Brasil. É um desafio, é um governo que ganhou as eleições, mas desde o primeiro dia é questionado por supostos defensores da democracia”, afirmou Guedes.

 

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