Com 3% de ocupação em São Paulo, Hotel Maksoud Plaza entra com pedido de recuperação judicial

Valor total é de pouco mais de R$ 81 milhões, mas os débitos, incluindo os trabalhistas, chegariam a R$ 120 milhões; para cortar custos, a companhia diz ter demitido 50% dos seus funcionários no último dia 18

  • Por Jovem Pan
  • 22/09/2020 21h27
Reprodução Reprodução Hotel é alvo de uma longa disputa familiar

Um dos símbolos do setor hoteleiro paulistano, o Maksoud Plaza entrou com pedido de recuperação judicial nesta segunda-feira, 21, para pagar suas dívidas, de acordo com comunicado divulgado pelo hotel e por sua controladora, a Hidroservice Engenharia. O valor total da recuperação judicial é de pouco mais de R$ 81 milhões, mas os débitos totais, incluindo os trabalhistas, chegariam a R$ 120 milhões, segundo uma fonte próxima ao caso. O hotel voltou a funcionar no último dia 4 de setembro, depois de quase seis meses de portas fechadas por causa da pandemia da Covid-19. A taxa de ocupação, em função do esvaziamento do turismo de negócios, diz o comunicado da empresa, está hoje por volta de 3% na cidade de São Paulo. Para cortar custos, a companhia diz ter demitido 50% dos seus funcionários no último dia 18.

Briga familiar

O hotel é alvo de uma longa disputa familiar. A briga relativa à herança põe em cantos separados pai e filho: no caso Henry Maksoud Neto e Roberto Maksoud. Um documento assinado pelo avô deu ao neto os direitos sobre a herança. Mas os filhos do primeiro casamento de Henry Maksoud, Roberto e Cláudio, afirmam que a assinatura é falsa e o documento não tem valor legal — o que Maksoud Neto, que trabalha no hotel desde os 15 anos, sempre negou. Até no caso Panamá Papers o Maksoud foi citado, graças a uma assinatura atribuída ao fundador do hotel, mas que tem data posterior à sua morte.

Outro imbróglio judicial envolve o hotel Maksoud Plaza. Em 2011, por causa de uma dívida trabalhista da controladora Hidroservice, o imóvel — avaliado em cerca de R$ 400 milhões — foi a leilão judicial. Os empresários Fernando Simões e Jussara Simões, da Júlio Simões Logística (JSL), arremataram o edifício como pessoas físicas. Desde então, iniciou-se uma briga pela propriedade. Em dezembro do ano passado, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou esse leilão válido, mas a família continua a recorrer. A decisão foi ao TST porque o hotel foi leiloado para pagar dívidas trabalhistas.

Na petição da recuperação judicial, os advogados do Maksoud Plaza argumentam que a situação econômica da empresa vem melhorando. O hotel, segundo o documento, faturou R$ 72,5 milhões em 2019, contra R$ 36,8 milhões obtidos em 2013, sob a gestão anterior. A empresa diz ainda ter reduzido o total de processos trabalhistas de mais de 400 para cerca de 30. O Maksoud, que viveu seu auge nos anos 1980 e 1990, é o que restou de uma empresa muito maior. A documentação da recuperação judicial lembra que a Hidroservice, uma empresa de engenharia, chegou a ter 10 mil trabalhadores em seu auge. A companhia realizou projetos como os aeroportos Tom Jobim (Galeão, no Rio de Janeiro), Eduardo Gomes (Manaus), o Terminal Rodoviário Tietê (em São Paulo).

* Com informações do Estadão Conteúdo

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