Ibovespa cai 5,5%, ações da Petrobras despencam 21% e dólar vai a R$ 5,53

Mercado financeiro reage com forte aversão e insegurança após intervenção de Bolsonaro para a troca do comando da estatal

  • Por Jovem Pan
  • 22/02/2021 11h20 - Atualizado em 22/02/2021 18h12
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Divulgação/Petrobras petrobras Ações da Petrobras despencam nesta segunda-feira após intervenção de Bolsonaro no comando da estatal

O mercado financeiro brasileiro opera com forte aversão e incerteza nesta segunda-feira, 22, após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinar a troca do comando na Petrobras na sexta-feira passada, 19, e sinalizar que novas mudanças devem ocorrer nesta semana. Próximo das 11h10, o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, recuava 5,5%, aos 111.917 pontos. Como já era esperado, a queda é liderada pelos papéis da Petrobras, com derretimento de 21% para ações preferenciais (PETR4) e ordinárias (PETR3). O temor de guinada na política econômica estende as perdas para outras empresas com participação do governo. Ações do Banco do Brasil (BBAS3) recuavam 10%, enquanto a Eletrobras (ELET3) caia quase 7%. A insegurança dos investidores com o risco Brasil também impulsiona o dólar. A divisa norte-americana avançava 2,3%, a R$ 5,509. Na máxima, a divisa chegou a bater R$ 5,533, enquanto a mínima não passou de R$ 5,502. O dólar fechou a semana passada com alta de 1%, a R$ 5,385.

“Vale lembrar que, desde o começo do ano, vários acontecimentos passaram a indicar um aumento dos riscos de interferência política nas empresas brasileiras, principalmente nas estatais: a quase demissão pelo governo do CEO do Banco do Brasil, André Brandão, a renúncia do CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, e suas declarações em seguida indicando que a privatização da estatal não estava nos planos, e o aumento de ruído na Petrobras em relação a sua política de preços”, afirma Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos. “A percepção de risco mais elevada, em meio à já existente preocupação com a situação fiscal do Brasil e também potencial pressão adicional caso os investidores estrangeiros voltem a sair do país podem levar à queda do Ibovespa”, diz.

A intervenção na presidência da Petrobras e o risco de guinada da política econômica brasileira monopolizam a atenção dos investidores neste início de semana. Bolsonaro anunciou na sexta-feira, após o fechamento do mercado, a escolha do general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco na presidência da Petrobras e como Conselheiro de Administração da empresa. A troca se deu em meio ao aumento das tensões entre o presidente e a estatal após o anúncio de novos reajustes da gasolina e do diesel, publicados na quinta-feira, 18. “O governo decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para cumprir uma nova Missão, como Conselheiro de Administração e Presidente da Petrobras, após o encerramento do Ciclo, superior a dois anos, do atual Presidente, Senhor Roberto Castello Branco”, informou o presidente em um documento postado nas suas redes sociais.

No sábado, 20, aumentou a pressão ao afirmar que novas mudanças devem ocorrer na estatal nos próximos dias. Se a imprensa está preocupada com a troca de ontem, semana que vem teremos mais”, disse durante pronunciamento em um evento militar na cidade de Campinas, interior de São Paulo. Momentos depois, em um vídeo publicado nas redes sociais, o presidente reiterou que o pedido de mudanças na estatal não são interferências e fez uma série de críticas Castello Branco e a diretoria da Petrobras.  “Vocês sabiam que desde março do ano passado, o presidente da Petrobras está em casa, assim como toda a sua diretoria?”, questionou o presidente, “Não dá para governar, estar à frente de uma estatal, dessa forma. Coisas erradas acontecem. O novo presidente, caso aprovado pelo conselho, espero que seja aprovado pelo conselho, vai dar uma nova dinâmica para a Petrobras.” Bolsonaro também afirmou que o valor da gasolina poderia estar 15% mais barato se os órgãos de fiscalização “estivessem funcionando”, antes de citar a Petrobras, o Ministério de Minas e Energia, a Receita Federal, “que tem que ver nota fiscal, e não vê”, e o Inmetro. “São outros órgãos que ninguém nunca se preocupou em fazer absolutamente nada. Quando há aumento de combustível, o pessoal aponta e atira no presidente da República. Isso vai começar a mudar, começou a mudar. Temos que tirar quem está na frente da Petrobras”, disse.

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