Indústria recua 1,3% em julho e volta a ficar abaixo do patamar pré-pandemia
Setor continua prejudicado pela crise sanitária e é pressionado pelo desemprego elevado e aumento da inflação; na comparação com o mesmo mês de 2020, produção cresceu 1,2%
A produção industrial recuou 1,3% em julho, na comparação com junho, e voltou a ficar abaixo do patamar pré-pandemia, em fevereiro de 2020, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 2, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em junho, a atividade já havia registrado queda de 0,2%. Com estes resultados, a indústria nacional acumula recuo de 1,5% em dois meses, após avanço de 1,2% em maio. No ano, a indústria acumula alta de 11% e, em doze meses, de 7%. Frente ao mesmo mês de 2020, o setor cresceu 1,2%. Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, a atividade continua sofrendo os impactos da pandemia do novo coronavírus nas cadeias de produção. “No início do ano, houve fechamento e restrições sanitárias maiores em determinadas localidades, que afetaram o processo de produção. Com o avanço da vacinação e a flexibilização das restrições, a produção industrial agora sente os efeitos do encarecimento do custo e do desarranjo de toda cadeia produtiva”, afirma.
A pesquisa revelou queda em dois das quatro grandes categorias do setor e em 19 dos 26 segmentos analisados, com forte contribuição dos efeitos da demanda doméstica. De acordo com o pesquisador, o desempenho reflete a alta da taxa de desemprego e a persistência da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em patamares elevados. “Há dificuldade das pessoas em obter emprego, com um contingente importante fora do mercado de trabalho, a precarização do emprego e a retração na massa de rendimento. O resultado da indústria está no escopo dos resultados de renda, emprego e inflação mostrado pelas demais pesquisas”, afirma Macedo. Uma das influências negativas mais importantes da produção industrial de julho foi do setor de bebidas, que caiu 10,2%, interrompendo três meses de taxas positivas consecutivas, quando acumulou alta de 11,7%. Outro setor que pressionou o resultado foi de produtos alimentícios, com queda de 1,8%, a segunda seguida, acumulando perda de 3,8%.
Outras contribuições negativas importantes para o resultado de julho foram dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,8%), de máquinas e equipamentos (-4,0%), de outros equipamentos de transporte (-15,6%) e de indústrias extrativas (-1,2%). Já entre as sete atividades com crescimento na produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,8%) exerceu o principal impacto positivo, com o terceiro mês seguido de avanço e acumulando, nesse período, 10,2% de aumento. Entre as grandes categorias econômicas, houve quedas em bens de consumo duráveis (-2,7%) e bens intermediários (-0,6%), com a primeira marcando o sétimo mês seguido de queda e acumulando nesse período (perda de 23,4%) e a segunda recuando 3,2%, no quarto mês consecutivo de queda. Os setores de bens de capital (0,3%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (0,2%) tiveram resultados positivos, com o primeiro marcando a quarta expansão seguida (total de 5,9% no período) e o segundo devolvendo pequena parte do recuo de 1,7% em junho.
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